“Mais vale um pássaro na mão que dois voando”
Para nós, fotógrafos do GAF – Grupo Amigos da Fotografia, o ditado popular não vale.
Para nós, caçadores de imagens, vale sempre o ditado: “Mais valem dois pássaros ( ou milhares deles) voando que um na mão”.
Além da preservação da fauna, deixar livres os pássaros é permitir aos demais seres humanos a oportunidade de apreciarem um dos maiores espetáculos do mundo: o voo de qualquer um deles..
Com relação aos pássaros cativos, deixemos que o poeta Olavo Bilac fale por eles em seu poema “O Pássaro Cativo” : “Não quero o teu alpiste! / Gosto mais do alimento que procuro / Na mata livre em que a voar me viste; / Tenho água fresca num recanto escuro / Da selva em que nasci; / Da mata entre os verdores, / Tenho frutos e flores, / Sem precisar de ti! / Não quero a tua esplêndida gaiola! / Pois nenhuma riqueza me consola / De haver perdido aquilo que perdi … / Prefiro o ninho humilde, construído / De folhas secas, plácido, e escondido / Entre os galhos das árvores amigas … / Solta-me ao vento e ao sol! / Com que direito à escravidão me obrigas? / Quero saudar as pompas do arrebol! / Quero, ao cair da tarde, / Entoar minhas tristíssimas cantigas! / Por que me prendes? Solta-me covarde! / Deus me deu por gaiola a imensidade: / Não me roubes a minha liberdade … / Quero voar! voar! … “
O fotógrafo satisfaz seu instinto caçador, caçando imagens —, e imortalizando-as num vídeo ou num pedaço de papel —, surpreendentes do pássaro em pleno voo, dos filhotes no ninho recebendo o alimento do bico materno, da ave cortando as águas tranqüilas de um lago, ou em muitas outras oportunidades que jamais se repetirão.
Os troféus de um fotógrafo não são frutos da agressão, da morte violenta, da destruição de habitats, da dor, da perda.
Os troféus de um fotógrafo são suas fotos , frutos da paciência, do amor, da sensibilidade, da vida, da preservação ambiental.
O arsenal do fotógrafo é sua máquina fotográfica, e tudo o mais que faz parte do seu inseparável equipamento. E sua guerra a ser vencida na coexistência com os animais é o controle do tempo: um clicar perdido por décimo de segundo pode significar a perda da perpetuação de um momento único de uma vida vivida em liberdade no infinito espaço do universo cósmico.
Fotografar é, sempre, ter e permitir a liberdade de viver e ser feliz..
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br