TRÊS ANDORINHAS, POESIA E VERÃO

“Uma andorinha não faz verão”

Geralmente, as expressões idiomáticas têm origem popular. Não é este o caso.
Segundo Juan Torres, na primeira menção conhecida, do referido ditado está no livro Ética a Nicômano, de Aristóteles (384-322 a.C.).
Na obra, o filósofo grego escreve que “uma andorinha só não faz primavera”, no sentido de que um indivíduo não deve ser julgado por um ato isolado.
Enfim, andorinhas migram no verão, e é comum vê-las em regiões mais quentes, em bandos.
Isso sinaliza que o verão bate às portas.
Mas se você vir uma única andorinha, não significa que o verão está chegando, pois ela pode estar perdida ou coisa parecida.
O ditado significa que uma pessoa sozinha não consegue mudar a realidade a não ser que uma  ideia nova venha ser difundida e aceita por várias outras, a fim de que um movimento qualquer dê resultado.
É como dizer que a união faz a força.
E fez, no dia vinte e sete de janeiro, no Clube de Regatas Ribeirão Preto, na união entre escritores e regateiros.
Ely Vieitez Lisboa, Nilva Mariani, Lucilia Junqueira de Almeida Prado, Heloisa Crósio,  Nelly Cyrini de Mello, Poeta Toledo, Antonio Ventura e outros já haviam declamado diante de um grupo de regateiros, na manhã de autógrafos da segunda antologia Ponto & Vírgula, organizada por Irene Coimbra, quando meu irmão, o cronista Jugurta de Carvalho Lisboa, iniciou a leitura de sua crônica “Os pássaros entendem” : Os pássaros me fascinam. Meus melhores momentos é assistir ao raiar do novo dia. O romper da aurora traz consigo toda uma magia que me desperta para o renascer cotidiano…”
Nesse momento naturalmente fantástico, todos os olhares se voltaram para uma das hastes de sustentação do galpão coberto onde se realizava o evento que reunia vinte e dois escritores de Ribeirão Preto e região, para admirarem três  andorinhas que mais pareciam notas musicais vivas sobre uma pauta metálica.
Ninguém soube responder se estavam ali ouvindo a música alegre do grupo “Ensaio entre amigos” , ou se ouviam os poemas e declamações cujos sons harmoniosos vibravam,  ecoando por entre o arvoredo acolhedor que embeleza os passeios que cortam os espaços do Clube de Regatas, às margens do Rio Pardo.
E foi assim que o nosso sábado especial de verão, que não foi feito, mas marcado pela presença mágica das três visitantes ilustres, foi para as telas da TV, Canal nove, e fará para sempre parte de um momento importante da história literária ribeirãopretana.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
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