ARTIGO: A IMPORTÂNCIA DE SE OUVIR “NÃOS”.

 

A IMPORTÂNCIA DE SE OUVIR “NÃOS”.

Caso número um.
Um adolescente de 16 anos que matou os pais e a irmã na sexta-feira, 17 de maio de 2024,  no bairro da Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo, disse não estar arrependido e falou que se pudesse “faria tudo novamente”. Em depoimento, o adolescente falou que havia discutido com o pai na noite anterior dos assassinatos e que como forma de castigo teria ficado sem acesso ao celular.

Caso número dois.
Outro adolescente é apreendido por matar os pais a marteladas e depois atear fogo ao quarto do casal. Após o crime, ele saiu para lanchar com amigo. O menor ligou para a polícia e contou que o motivo foi uma discussão porque os pais não queriam que o jovem faltasse à escola para ir à aula de jiu-jítsu.

 

Em ambos os casos, o motivo apresentado pelos adolescentes para matarem seus pais foi um não: não ao uso do celular e não ao desejo de gazetear.

Caso número três.

É bem conhecida a expressão  “Não é não “, que vem sendo difundida há muitos anos para ressaltar que os homens não têm o direito de obter qualquer acesso não consentido aos corpos das mulheres. Alguns homens não entendem isso, porque não se acostumaram a ouvir um não: e partem para a agressão ao serem rechaçados.

Tendo em vista os três casos, mencionados anteriormente, segue um alerta aos pais: vejam o que diz sobre a importância do não o Blog de Saúde Mental – https://www.vittude.com/blog/importancia-do-nao-educacao-dos-filhos:

“A importância do “não” na educação dos filhos deve ser compreendida pelos pais que buscam educá-los com inteligência emocional e resiliência.

É difícil e doloroso aguentar as birras, manhas, choros, palavras grosserias e caras feias dos filhos. Como pais, apenas o melhor e o mais agradável é aceito para eles. A mínima possibilidade de sofrimento é preocupante e alguns pais tentam de tudo para evitar que os filhos se frustrem.

Todavia, nós, adultos, passamos por diversas ocasiões negativas no dia a dia e nos deparamos frequentemente com um “não”. Ou seja, em algum momento aprendemos a aceitar as implicações da rejeição e seguir em frente sem maiores problemas.

Então, por que não ensinar as crianças a lidarem com o “não” desde pequenas? Dessa forma, elas irão crescer conscientes de que não podem ter tudo o que querem de imediato e não ficarão frustradas. Dizer “não” aos filhos é, na verdade, uma forma de prevenir maiores sofrimentos ao longo da vida.

Para que os pais consigam aprender como dizer “não” aos filhos, devem compreender primeiro a importância de dar limites às crianças e ensiná-las a lidar com eles.

A criança que não consegue aguentar uma negação desenvolve comportamentos prejudiciais para lidar com as emoções negativas e a frustração oriunda dela. Ela é agressiva, guarda a irritação dentro de si, toma decisões precipitadas no momento da raiva  valoriza somente quem diz o que ela quer ouvir mesmo que sejam pessoas tóxicas, entre outros.

Assim, ela se estressa facilmente e sofre com os efeitos psicológicos e físicos do estresse ao longo da vida. Os seus relacionamentos interpessoais também são prejudicados porque muitos não gostam de lidar com indivíduos que não possuem o “pé na realidade” e não esperam o momento certo para conseguir o que desejam.

Dizer “não” aos filhos não é maldade nem injustiça dos pais.

Muitas vezes, é necessário negar os desejos e vontades das crianças para que elas desenvolvam uma atitude saudável acerca da negação. A importância do “não” na educação dos filhos reside também no ensinamento de valores tais como paciência, resiliência, determinação, otimismo, planejamento, ética e serenidade.

A criança que recebe “não” ao longo da sua educação aprende que nem todos os desejos são atendidos de imediato. Para conseguir o que quer, ela precisa trabalhar duro, ter paciência e dedicação, valorizar as circunstâncias e as pessoas certas, e ouvir conselhos de quem tem mais experiência de vida.

Além disso, à medida que a criança cresce ela compreende que os seus pais, na verdade, estão zelando por ela ao lhe negarem algo. Mesmo que não compreenda exatamente o objetivo dos pais, ela se sente protegida e amada. Seus pais não vão deixá-la encontrar ameaças que coloquem a sua integridade física em perigo.

Pais, não tenham medo do “não”.

Muitos pais não conseguem (nem querem) dizer não aos filhos. Eles acreditam estar fazendo o melhor ao não negarem nada a eles. Deste modo, não conseguem ver os efeitos negativos de uma vida sem limitações nas crianças e, anos depois, sofrem tentando lidar com condutas impensáveis dos filhos na adolescência.

Algumas das razões mais comuns pelos quais os pais não buscam aprender a dizer “não” aos filhos são:

Eles não querem causar raiva ou entristecer os filhos; eles estão compensando pela culpa que sentem em razão de experiências passadas; eles querem agradar os filhos a todo momento; eles acreditam que eles devem ter tudo o que desejam para ser feliz; eles querem que os filhos tenham mais do que eles receberam quando eram crianças.

A criança precisa receber um equilíbrio de “sim” e “não”. O excesso de disciplina causa tantos problemas quanto a ausência dela. Como os filhos pequenos e adolescentes não têm experiência de vida nem possuem um alcance emocional profundo, eles precisam ser guiados e protegidos pelos pais.

Isso significa que eles precisam saber o que podem ou não fazer em determinado momento, e o que devem ou não esperar da vida. Esse conhecimento somente é adquirido com uma mistura de ensinamentos positivas e negativos, do “sim” e do “não”.

Pais, não tenham medo de falarem essas duas palavrinhas! Elas são expressões de amor e de cuidado para com os filhos. Se vocês não as usarem e observarem as mudanças em seu comportamento, dificilmente compreenderão a importância do “não” na educação dos filhos, sejam crianças ou adolescentes.

Quando usados adequadamente, o “não” e o “sim” não causam impactos emocionais. Alguns pais acreditam que somente fazer uso delas é o suficiente para afetar os filhos de alguma forma, então optam por fugir delas. Não é bem assim. Tudo depende do contexto.

Para passar as lições adequadas às crianças e aos adolescentes, essas palavras devem estar em concordância com as circunstâncias de cada pedido ou situação!

Por exemplo, crianças mais velhas e adolescentes tendem a testar os limites dos pais, desafiando-os a ir contra as suas palavras. É um comportamento esperado ao longo do desenvolvimento deles, o qual pode ser expressado em níveis de intensidade distintos.

Quando os pais dizem “não” múltiplas vezes, mas acabam cedendo quando o filho os confronta, ele aprende que o “não” não é tão importante assim. Se ele implorar, chorar, gritar, espernear ou negociar, os pais e qualquer outra pessoa vão dizer “sim”. Então, por que ele deveria temer receber uma rejeição?

Essa crença pode levá-lo a fazer escolhas nocivas, desrespeitar o espaço de terceiros e se tornar uma pessoa basicamente insuportável em momentos sociais. Essas consequências não se originam do simples uso do “sim”, mas da postura receosa dos pais em ocasiões em que o “não” seria o mais apropriado.

Como aprender a dizer não para os filhos não é nada simples, separamos algumas dicas úteis para guiar os pais em busca do melhor método para educar os seus filhos.

Ao mesmo tempo que dizem não, os pais também devem explicar o porquê de estarem negando algo aos filhos.

Quando nenhuma explicação é fornecida, eles não entendem que tipo de lição os pais querem ensinar e podem acabar os ressentindo por isso. Assim, quando constituírem a sua família, vão querer compensar pelos “nãos” recebidos durante a infância e adolescência.

Veja um exemplo prático dessa dica: uma família que não possui condições de presentear a criança com o brinquedo caro que ela deseja nega o seu pedido sem maiores explicações. Quando ela vê outras crianças com o brinquedo, não entende por que não pode tê-lo também e fica frustrada. Por que eles podem e ela não? Será que os seus pais são simplesmente chatos e os dos outros não?

Sendo assim, os pais devem explicar o porquê da negação para que os filhos compreendam a importância de viver dentro da sua própria realidade e de respeitar as decisões familiares.

Alguns pais acreditam que as crianças não compreendem muito bem o que eles tentam dizer. Mas a verdade é que os pequenos absorvem muito mais do que nós, adultos, acreditamos. Elas podem não demonstrar de maneira explícita, mas internalizam os valores passados pelos pais e familiares e os replicam no dia a dia e pelo restante de suas vidas.

A importância do “não” na educação dos filhos também está associada ao ensinamento de caminhos alternativos para que eles consigam o que desejamSe eles não podem “X” coisa agora, o que podem fazer para conseguirem mais tarde?

Eles vão precisar esperar uma idade mais apropriada? Esperar até um determinado momento do ano ou uma data comemorativa? Juntar dinheiro da mesada? Estudar mais ou praticar uma habilidade específica? Ajudar com os afazeres domésticos?

Ao oferecer opções para que os filhos satisfaçam os seus desejos (quando não são necessidades básicas) por conta própria, os pais ensinam o valor do trabalho duro, da paciência e da perseverança. Eles se sentirão muito melhor quando conquistarem algo por seus esforços em vez de receberem de graça dos pais, embora, no momento do “não”, tenham dificuldade para compreender isso.

Mas, atenção, cada caminho deve conter um propósito para que, no fim, eles compreendam o passo a passo da lição que os pais desejaram ensinar!

Há muitos casos de pais que decidem proibir os filhos de tudo por acreditarem estar protegendo-os de más influências e experiências. Todavia, vivências inéditas, sendo boas ou ruins, são essenciais para o crescimento de qualquer ser humano.

Se uma criança cresce com proibições excessivas, ela chegará à adolescência e vida adulta sem saber como lidar com várias situações. A sua falta de conhecimento acerca do mundo e das pessoas certamente causará ansiedade, estresse e angustia..

Então, antes de dizer “não”, pense bem sobre o que é melhor para o seu filho naquele momento. Que tipo de mensagem você estará passando ao negá-lo?

Mas é importante compreender que a negação não é a melhor resposta em todas as ocasiões: diga “sim” para que o seu filho compreenda o significado de ambas as afirmações”.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
WWW.TORTORO.COM.BR
ancartor@yahoo.com

 

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