ARTIGO : ELY VIEITEZ LISBOA, A IMORTAL – HOMENAGEM PÓSTUMA

 

 

“Eli, Eli, Lamá Sabactâni”
                                                                       Mateus 27-46

No dia de hoje, 16 de julho de 2024, todos os apreciadores da boa Literatura estão se perguntando: “Ely, Ely, por que nos abandonaste?

Ely Vieitez Lisboa, que conheci quando ainda era Ely Vieitez Lanes, ocupou a Cadeira no. 10 da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras.

Devo a ela, como muitos outros também devem, tudo o que aconteceu em minha vida literária.

Eu já conhecia a Ely, pessoa culta, professora, escritora do mais alto nível, enquanto ela recebia aulas particulares de Francês com a Madre São Paulo, no Colégio Santa Úrsula, prédio do antigo Santão. Na época eu era Coordenador Pedagógico, e ela me conhecia como Professor Toninho.

Certo dia, recebi um telefonema. Era Ely querendo conhecer o escritor Antonio Carlos Tórtoro, que publicava poemas, segundo ela, que demonstravam a maturidade de alguém com mais de sessenta anos, na coluna Poetas de Ribeirão Preto, no jornal A Cidade. Ely ficou surpresa quando eu disse ser o Professor Toninho, de quarenta anos, que ela já conhecia de suas idas ao Colégio Santa Úrsula. Conversamos durante alguns minutos, e passamos a nos comunicar.

Nilva Mariani, também imortal da ARL, era minha Soror na Ordem Rosacruz AMORC, e ambas decidiram me convidar para ser membro da ARL. Eu já era acadêmico da ALARP – Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, e um dos fundadores da CPERP – Casa do Poeta e do Escritor de Ribeirão Preto.

Na época, membro da ALARP — desde 1992 — eu não poderia ser membro da ARL: o motivo era histórico, desde a época em que o Presidente da ALARP  era Pedro Miranda.

Mas tendo sido convidado, em 1994  — dado a campanha encabeçada por Nilva e Ely —  pelo Presidente da ARL, na época o Dr Luiz Carlos Raya, aceitei, apesar do burburinho provocado nos meios literários da cidade: fui o primeiro a pertencer às duas tradicionais academias de letras, abrindo portas para muitos outros após minha posse.

A partir daí, formamos um trio que agitou a vida literária da ARL e de Ribeirão Preto, e posso afirmar que Ely não morreu, e nem morrerá.

Ely viverá, cada vez que alguém se lembrar do Grupo Flamboyant, de estudos literários.

Ely viverá sempre que alguém se lembrar das noites memoráveis no SESC -Ribeirão em que a ARL realizava, anualmente, o Quando Setembro Vier, idealizado e coordenado por Ely, promovendo jovens poetas/artistas das escolas da cidade.

Ely viverá, cada vez quem alguém abrir as páginas da antologia Ave Palavra, organizada por Ely,.

Ely viverá cada vez que alguém ouvir poemas do CD, Projeto de Ely, Poetas de Ribeirão Preto, com leituras da acadêmica Irene Coimbra.

Ely viverá nos seus poemas, publicados semanalmente nas páginas dos jornais A Cidade e O Diário.

Ely viverá nos prefácios que fez para diversos livros de autores ribeirão-pretanos. Ela prefaciou a minha antologia Ítalo-brasileira: lançada durante a 4ª. Feira do Livro de Ribeirão Preto, em 2004, e simultaneamente na cidade de Sant’Omero , região de Abruzzo,  Itália, com o escritor/parceiro  Claudio de Donatis.

Ely viverá nas páginas de seus livros : Cartas a Cassandra, A Senhoras das Sombras, Os Girassóis de Girona, Tempo de Colher, Replantio de outono e outros mais.

Enfim, Ely, que me denominava Quixote, viverá em minha memória como a maior escritora da ARL: minha confrade, colega e amiga. Ely me conhecia profundamente. Ela escreveu em um dos prefácios: “Antonio Carlos Tórtoro é matemático. Na sua feitura, no entanto, por engano ou santo descuido divino, misturam-se à lucidez e à acuidade, muita filosofia, um espiritualismo quase místico e farto lirismo. Outra característica do matemático- poeta é um dinamismo irrefreável, seu ritmo é a mil por hora, com freio preso. Basta uma análise do seu vasto currículo” e segue “O poeta e o homem. Dualidade na Unidade. Corpo e alma. Realidade e sonho. Esse autor de tão belos poemas é uma clonagem espiritual de todo ser humano perquiridor, atormentado. Por isso seus poemas são universais e nos fazem sentir uma sensação familiar. Eles procuram harmonizar, dar lucidez ao “nonsense” da existência, problema eterno da condição humana”.

Ely viverá na mente de todas as pessoas que participaram com ela de lançamentos de livros — dela e meus —, de saraus promovidos pela Ponto & Vírgula, de eventos das vários Feiras do Livro.

Vi Ely com vida, em visita que fiz a ela na tarde do dia 9 de julho, dia em que se comemorava a Revolução Constitucionalista de 32

Tenho plena convicção de que nada terminou naquele quarto do Espaço Vida Residence – no Parque Industrial Lagoinha – quando Ely deu seu último suspiro aqui entre nós, rumo à uma nova dimensão.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com

 

COMENTÁRIO(S) SOBRE O ARTIGO ACIMA.

MARIA INES PEDRO BOM

PROFA. E AMIGA DE LONGOS ANOS

 

Emocionada com seu texto leve é extremamente carinhoso com nossa eterna professora de Francês lá no colégio estadual Santos Dumont!
Amava suas aulas!
Tive a felicidade de vê-la algumas vezes nos lançamentos dos seus livros, Toninho!
Deixo a ela meu abraço de despedida com aquele sorriso peculiar dela!
Vai lá, professora Ely
Vá encantar os anjos !!!!

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