TON: O MELHOR BARBEIRO DO MUNDO
“Ah, che bel vivere, che bel piacere per um Barbiere di qualita !!!”
Rossini
No bairro tranquilo de Ribeirão Preto, o Presidente Médici, numa cidade de coração pulsante — aberto ao sol pelas enxadas — na esquina a ser dobrada à direita (sempre) , das ruas Teresa Tossani Livrini e Antonieta Rigolelo Canesin, podemos encontrar um refúgio de paz, aconchego e profissionalismo: uma Casa de Irene — onde tem gente que chega, tristeza se vai. Um lugar em que o anfitrião nos recebe de pé e de braços abertos, prontos para um abraço longo e apertado.
É ali que trabalha o Ton, na Barbeiros 530, um barbeiro como nenhum outro, mestre dos 50 tons de gentileza, atenção e competência.
Ton me faz pensar no Barbeiro de Sevilha, criação de Rossini, desfilando entre tesouras e navalhas, esculpindo cada rosto com a precisão de um artista e o carinho de um velho amigo. Suas mãos firmes e olhar atento transmitem calma e confiança inigualáveis, transformando cortes de cabelo em verdadeiras obras de arte.
Ton sempre se lembra de aparar meu bigode e sobrancelhas rebeldes, onde insistem em se sobressaírem fios brancos que parecem retirados da barba de Noel: esse, aliás, é um dos raros momentos em que me permito cuidar de minha aparência, Não tenho nenhum traço de metrossexualidade.
Ton emana uma aura acolhedora. Cada visita mensal que faço ao seu salão, é um encontro marcado (agendado com antecedência) com um amigo — nesse nosso encontro, o mais recente, conversamos sobre os sofrimentos oriundos da existência humana, o livre arbítrio, Onisciência de Deus, e outros assuntos mais amenos — um ritual de beleza, cultura geral e bem estar. O aroma do creme de barbear, o som suave da lâmina deslizando sobre a pele, e as histórias compartilhadas, criam uma sinfonia de momentos agradáveis.
Nessa Casa de Irene, esse Barbeiro de Sevilha não apernas corta cabelos; ele constrói pontes de amizade, trançadas com fios de respeito e gentileza. Cada cliente que passa por suas mãos leva consigo não apenas um novo visual, mas também a memória de uma experiência enriquecedora, onde o cuidado e a atenção são sempre os protagonistas de uma obra que faz qualquer um sentir-se mais bonito, mais jovem, mais importante…mesmo que seja por um lapso de tempo.
Ton, ao aparar meu bigode, me faz lembrar meu grande amigo de whatsapp, Josiel Cordeiro, e nossa Confraria do Bigode. Ton parece um guardião da Confraria, fazendo história no número 530 da Antonieta Rigobelo Canesin, um lugar onde a tradição se encontra com a modernidade, e cada corte é um testemunho de sua arte e dedicação.
“Bravo, bravíssimo ! La la la la la l ala la La ! Fortunatíssimo per veritá! Fortunatíssimo per veritá! La la la la la la LA !
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com