UM COACH ESPECIAL: TIO BERTINHO
“Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”
Mateus 19:14
Deveria ser apenas uma festa de aniversário de uma criança, uma festa como outra qualquer, com bolo e decoração temática, doces e salgados, lanches e bebidas, lembrancinhas, brinquedos, jogos e brincadeiras, enfim, com todos os elementos que ajudam a criar um ambiente animado e divertido, fazendo com que as crianças e convidados aproveitem bastante o momento.
Mas era uma festa especial, no dia sete de setembro de 2024, 16 horas, no Salão de Festas do Bellevue, Les Alpes, quando fomos recebidos pelos anfitriões Vivian e Leandro, pais da Helô.
Vivian é minha sobrinha, e Leandro é seu esposo, a quem deverei para sempre a felicidade que ele proporcionou ao meu falecido filho, Rodrigo, levando-o para assistir a uma final de Copa Sul-americana em 2012, no Morumbi.
Heloisa, estava completando seis anos de vida: ainda nem pensa em encontrar um dia o seu Pedro Abelardo, do clássico da Literatura mundial, escrito por Étienne Gilson.
A aniversariante do dia me fazia lembrar um elétron e a Física Quântica: de acordo com a física quântica, não é possível determinar com precisão a posição e a velocidade de um elétron simultaneamente, devido ao Princípio da Incerteza de Heisenberg.
Helô parecia um elétron. Era impossível saber a cada momento, em que parte do amplo salão ela se encontrava, rodeada de seus pequenos amigos.
Mas um personagem especial roubou a cena. De vestes esportivas, com a palavra COUCH, destacada, escrita em maiúsculas nas costas, ele lembrou-me um Erê, espíritos de crianças que já viveram na Terra e que continuam o seu processo de aprendizagem na Umbanda. Os Erês têm, entre suas características marcantes, gostarem de trabalhar em ambientes coloridos, com músicas alegres, doces e brinquedos, gostam de guloseimas, refrigerantes e brinquedos de crianças.
Tio Bertinho, o recreador especial, parecia encarnar um Erê: alegre e sorridente o tempo todo, rodeado de crianças felizes, ele ameaçava esconder pacotes de balas sob a camisa esportiva, fazia de conta que iria levar para ele os presentes da Helô, brincava com os enfeites da mesa, corria atrás das crianças: fazia de tudo para agitar o ambiente, o que o identificava perfeitamente com a faixa etária da criançada.
Ao mesmo tempo o Couch diferenciado, me lembrava Jesus em Mateus 19:14: “Então disse Jesus: Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”.
Enfim, Tio Bertinho foi um catalizador que tornou incrível uma festa em que pude rever meus familiares mais próximos, fazer novos amigos, dar boas risadas, beber muito chope geladinho, tudo isso ao lado de minha esposa Lu e meus filhos Giovana e Sebastião.
Que venham muitos outros aniversários de minha sobrinha Heloisa.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
ancartor@yahoo.com