LI E GOSTEI: LIMITES DA COMPREENSÃO – ROBERTO K. HERINGER

 

LIMITES DA COMPREENSÃO

 

“Por fim, resta o indivíduo voltando-se para si e buscando transformações para empenhar-se em ser tão livre quanto acredita ser”

Roberto K. Heringer

 

Os limites da compreensão envolvem tanto fatores humanos quanto contextuais. Os pontos principais que definem esses limites são a capacidade cognitiva do leitor; a linguagem utilizada na comunicação; o conhecimento prévio de quem lê; as perspectivas e paradigmas do leitor, que podem influenciar dependendo do seu ponto de vista cultural, histórico e individual que podem limitar a interpretação de certas informações  de cordo com preconceitos que moldam a forma de ver o mundo; o contexto que interfere  na compreensão; as experiências pessoais que moldam nossa percepção, influenciando na forma como interpretamos o que é novo ou desconhecido.

Digo isto porque apreciar ou não o trabalho do escritor Roberto K. Heringer depende muito desses limites.

No meu caso, sou suspeito para falar sobre o autor, — que conheci por meio do seu Portal Ponteiro,  www.ponteiro.com.br — porque nos muitos anos que mantemos diálogos via whatsapp, tenho uma sensação intrigante: parece-me  que somos “cópia” um do outro, mesmo sem nunca termos nos encontrado pessoalmente, mas temos interesses, crenças e valores semelhantes, temos estilos de comunicação tão compatíveis que parecem se “espelhar”, mesmo sem compartilharmos origem ou experiências de vida. Essa experiência é fascinante porque mostra como, mesmo à distância e com interações mediadas por telas, podemos encontrar profundas conexões humanas que parecem transcender as barreiras físicas.

Recebi de presente, vindo da pequena cidade de Rolândia, norte do Paraná, um exemplar de Limites da Compreensão, via Sedex, com uma dedicatória que diz um pouco sobre nossa amizade: “Para Tórtoro, irmão de reflexões, com muita admiração e respeito”.

Em tempo: gosto muito de receber livros, “Me mandem livros, livros, muitos livros para que minha alma não morra! “ — Fiódor Dostoiévski quando de sua prisão na Sibéria.

Terminei a leitura em três dias, deixando as cento e vinte páginas repletas de grifos e anotações: tenho esse hábito ao encontrar conteúdos interessantes.

Nos agradecimentos encontrei registrado meu nome, seguido da observação: “impulsiona iniciativas e investe na suposição de lutar e superar. Suas contínuas e assustadoras contendas são meus exemplos e me dirigem ao possível e melhor da vida”. Sou grato pelo carinho das palavras.

Roberto acredita que o Universo une e separa, e que nós fornecemos tão somente os condimentos; ele também não distingue fórmulas, revelações, instruções ou truques para requintar a vida de quem quer que seja, mas faz  algumas prosaicas sugestões para repensarmos, usando centenas de citações e notas de rodapé. O autor reconhece que nada mudou no mundo, em lugar algum, e que a própria vida é um incessante plágio de uma vivência diariamente maculada, rasgada.

A obra procura dar um mínimo de informações para fornecer um estreito incentivo à pesquisa para um eventual leitor/estudante.

Apesar de ter perspectiva sombria para o futuro do planeta, ele faz o possível para não transmitir negatividade, oscilando, com admirável humor judaico, entre o sentimento de “prisioneiro de ter esperança” — Desmond Tutu —   e “náufrago que teme todos os mares” — Ovídio, poeta romano.

Nas páginas de Limites, Roberto mantém a objetividade. Apesar de ser quase uma conversa de boteco sobre sua inconformidade diante dos fatos atuais que permeiam sua vida de mais de sessenta anos, traz profundidade aos assuntos tratados em alto nível.

Finalizando, vou resistir ao desejo de dar um “spoiler” para não estragar a satisfação que poderão ter os possíveis leitores de “Limites”.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com

 

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