LI E GOSTEI – SONETOS DE CAMÕES PSICOGRAFADOS – LOUROS DO CALVÁRIO

SONETOS DE CAMÕES: PSICOGRAFADOS.

“Chuva de primavera é a chuva nova, que realiza um despertar espiritual, um reavivamento”

                                                                                   Joel 2:23-27

Juntamente com as chuvas de primavera, tenho sido privilegiado com uma chuva de livros: presentes de amigos.

Recebi, na segunda metade de novembro, de minha grande amiga de muitas outras primaveras, Profa. Maria Inês Pedrobom, um exemplar do livro Louros do Calvário, volume III, cuja leitura representou para mim um novo despertar espiritual.

Sabemos que Luís de Camões é um dos maiores poetas da língua portuguesa, e sua obra inclui diversos sonetos notáveis que são considerados clássicos da literatura renascentista. Nos seus sonetos, Camões explora temas universais como o amor, a saudade, o sofrimento, a efemeridade da vida, e o conflito entre razão e emoção. Ele segue a estrutura clássica do soneto petrarquiano, com 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos, geralmente em versos decassílabos e rima ABBA ABBA nos quartetos, variando nos tercetos.

 

A linguagem de Camões nos sonetos que conhecemos  é sofisticada, repleta de metáforas, antíteses e jogos de palavras que dão profundidade aos seus versos. Ele consegue, com precisão e beleza, capturar as complexidades da experiência humana, o que faz com que seus sonetos sejam admirados e lidos até hoje.

 

Louros do Calvário é uma obra psicografada atribuída ao espírito de Luís Vaz de Camões e psicografada por Francisco Pessoa Neto Junior, um médium brasileiro. Esse livro chama atenção porque Camões é um dos mais conhecidos poetas da literatura portuguesa, autor de Os Lusíadas e outras poesias renomadas.

 

A obra Louros do Calvário explora temas espirituais e de reflexão profunda sobre a vida, dor e redenção, associando o sofrimento humano a um caminho de elevação e aprendizado, semelhante ao calvário descrito em outras obras espirituais. Ao “trazer” a perspectiva do poeta renascentista Camões, o livro é uma tentativa de revisitar a voz do poeta e seu olhar sobre a existência, mas agora com uma visão espiritualista.

 

O livro traz momentos do Novo Testamento — alguns retirados da obra O Nazareno, de Sholem Asch, traduzido do inglês por Monteiro Lobato — assim divididos: Cântico Nono com 100 sonetos decassilábicos, Cântico Décimo com 102 sonetos, Cântico Undécimo com 113 sonetos, Cântico Duodécimo com 156 sonetos e o epílogo com 15 sonetos.

 

O Nazareno, de Sholem Asch, é um romance escrito em 1939 que oferece uma perspectiva única sobre a vida de Jesus de Nazaré, abordando sua história a partir de um ponto de vista judaico. Sholem Asch, um dos escritores mais renomados da literatura iídiche, escreveu a obra como parte de uma trilogia que explora o relacionamento entre o judaísmo e o cristianismo, sendo esta a primeira parte. As outras duas obras são O Apóstolo e Maria.

 

No livro, Asch apresenta uma narrativa rica e profundamente humanizada de Jesus, ilustrando não apenas sua vida e ensinamentos, mas também as reações e os sentimentos dos judeus de sua época em relação a ele. O romance reflete a complexidade da sociedade judaica daquele período e, de forma abrangente, contextualiza os costumes e valores sociais, religiosos e políticos que influenciaram a vida de Jesus.

 

A obra gerou polêmica entre judeus e cristãos, já que alguns leitores judeus viam a abordagem de Asch como uma tentativa de cristianizar o judaísmo, enquanto leitores cristãos às vezes interpretavam o texto como uma humanização excessiva de figuras sagradas. No entanto, O Nazareno é geralmente apreciado por seu esforço de construir uma ponte cultural e espiritual entre as duas tradições religiosas, trazendo uma visão de Jesus que pode ressoar tanto para judeus quanto para cristãos.

 

 

A ideia de uma obra psicografada de Camões sob pseudônimo Marabuto,  causa grande curiosidade, principalmente entre leitores que, como eu,  apreciam literatura espírita ou têm interesse na relação entre espiritualidade e literatura clássica. Este tipo de obra divide opiniões, pois alguns leitores veem-na como um tributo, enquanto outros questionam a autenticidade da psicografia. Em qualquer caso, Louros do Calvário se propõe a ser uma obra de consolo e introspecção, buscando ajudar leitores em suas jornadas pessoais e espirituais: e consegue seu objetivo.

 

Enfim, nos últimos 3 versos, do soneto XIII do epílogo, lemos:

 

“Em…Louros do Calvário, o amor e a Fé

levantam do silêncio de uma cova

a força máxima da Boa Nova…”

 

 

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com

 

 

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