ARTIGO – MINI CONTO: SONHANDO ALTO:UM SONHO QUASE IMPOSSÍVEL

SONHANDO ALTO: UM SONHO QUASE IMPOSSÍVEL
(Mini conto)

Diante de mortes violentas de jovens, diariamente mostradas nas telas da TV, e vendo famílias inteiras abaladas por grande sofrimento, resolvi sonhar, e escrever o mini conto abaixo:

É primavera de 2100. O céu tem tons de neon, e as ruas são de vidro fosforescente.

Júpiter é visível a olho nu. Quase ninguém usa automóveis.

Léo, é um jovem que ama andar de moto. Não qualquer moto, claro, mas uma X-Wind Quantum 8000, movida a energia quântica e equipada com sensores de emoção. Quando ele sorri, a moto acelera. Quando fica tenso, ela flutua para acalma-lo.

Léo ama o vento no rosto — um vento sintético, é verdade, controlado por drones atmosféricos — mas que ainda assim traz o prazer primitivo da liberdade.

Certo dia, enquanto voava baixo pela orla suspensa do Rio 9.0, foi assaltado. Um sujeito usando uma capa de invisibilidade beta (ainda com falhas) surgiu do nada, o derrubou com um choque de realidade aumentada e levou sua querida X-Wind.

O coração de Léo parou. Literalmente.

O socorro veio em segundos, descendo dos céus como anjos tecnológicos: paramédicos biônicos com asas de carbono e desfibriladores que tocavam Beethoven remixado por robôs. Constatada a morte cerebral, seguiram o protocolo 7-Z: Ressuscitação.

Um holograma piscou: “Iniciando protocolo de retorno à vida. Tempo estimado: 3 minutos e 42 segundos.”

Léo voltou. Com um leve gosto de limonada na boca e a sensação de que havia sonhado com um pato recitando Shakespeare.

Leo agora,  salvo pela alta tecnologia,  passa  sua vida com seus familiares — todos centenários e joviais, graças às cápsulas de rejuvenescimento vendidas nas farmácias 24h.

Já o assaltante? Foi condenado à pena máxima: exílio perpétuo na galáxia Gelatina-X17, onde todos os seres se comunicam apenas dançando funk.

Léo vive numa época em que vencer a morte é comum, como tomar um café… só que o café agora é azul, fala francês, e não custa caro.

E quanto à moto? Um dia possivelmente ela voltará sozinha de uma constelação distante, orientada por um rastreador estelar, flutuando, e dizendo que virou budista.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
ancartor@yahoo.com

 

COMENTÁRIO(S) SOBRE O ARTIGO ACIMA:

Oi amigo .Adorei o mini conto Sonhando Alto.. Eita imaginação / inspiração…

HELOISA CRÓSIO – uma grande amiga

 

Você está muito criativo, amigo e isso é muito bom, pra você e seus leitores,

Parabéns

RITA MOURÃO – membra da ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras

 

ACADEMIAS, ARL- ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS, ARTIGOS, LITERATURA

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