LI E GOSTEI : DIÁRIO DE UMA PAIXÃO

ROMEU E JULIETA NOS TEMPOS DE ALZHEIMER

“Sei o que é ser noite e dia — sempre juntos, para sempre separados”

Noah Calhoun

A melhor maneira de descrever o livro de Nicholas Sparks, é a de Mount Airy Gazette (Maryland) : “Vá correndo até a livraria ou biblioteca mais próxima e arranje um exemplar  de Diário de uma Paixão…um livro para todas as pessoas que já amaram ou foram amadas, ou sonharam em amar loucamente, verdadeiramente, profundamente. Depois de terminar a leitura, até mesmo o leitor mais tarimbado vai se convencer de que o amor eterno existe”.
Logo após um capítulo com cisnes e tempestades — “Quando estava prendendo a canoa, Noah ergueu os olhos para Allie e perdeu o ar por um segundo. Ela estava de pé, olhando para ele, incrivelmente bonita e completamente à vontade debaixo da chuva. Estava esperando por ele, sem tentar fugir nem se abrigar do aguaceiro, e ele podia ver o contorno dos seios dela querendo rasgar o tecido do vestido colado ao corpo” — o leitor é levado a um inverno para dois — “E quando as lágrimas dela começaram a cair, a palavra ecoou outra vez : Alzheimer… É uma doença estéril, vazia e sem vida como um deserto. É um ladrão de corações, almas e lembranças. Enquanto ela chorava e soluçava no meu peito eu não sabia o que dizer, por isso apenas a abracei e embalei seu corpo para trás e para a frente”.
Essa mudança da realidade, sem o tempo suficiente para que nos acostumemos com ela, produz um impacto inesperado que leva às lágrimas qualquer um que, ao ler, deixa-se levar pelas emoções  de uma história que começa no início de outubro de 1946 quando dois jovens, Noah Calhoun e Allison Nelson se conhecem e se apaixonam perdidamente. Tudo parece perfeito, quando a família de Allie a impede de continuar  vê-lo devido à enorme diferença de classe social entre os jovens.
Passado alguns anos, eles se reencontram devido à reconstrução da antiga casa de Noah, publicada em um jornal,  o que, por sinal, não passa de uma concretização da reconstrução que ocorrerá — dado à insistência de Noah em vencer o Alzheimer com amor — na casa de repouso, quando entre ambos, octogenários, no último capítulo, ocorre outro milagre, o maior de todos : “ não tenho como conter as lágrimas enquanto começamos a deslizar para o próprio céu. Pois, nesse momento, o mundo se enche de maravilha, ao sentir que os dedos dela procuram os botões da minha camisa e, lentamente, muito lentamente, começam a desabotoá-los, um a um”.
Como afirma Noah : “ Os românticos chamariam isto de uma história de amor, os cínicos diriam que é uma tragédia. Na minha cabeça é um pouquinho de ambas,e, no fim das contas , qualquer que seja a maneira como você escolha encarar este relato, nada altera o fato de que ele abrange uma grande parte da minha vida e do caminho que eu escolhi trilhar. Não tenho nenhuma queixa a fazer quanto ao meu percurso e aos lugares aonde ele me levou; talvez sobre outras coisas eu tenha reclamações, suficientes para encher uma tenda de circo, mas o caminho que escolhi tem sido sempre o certo, e eu tampouco gostaria que tivesse sido de outro jeito”.
Enfim, Diário de uma Paixão é uma história de amor, um Romeu e Julieta do século XX, com mais de 12 milhões de cópias vendidas, o livro que — nas páginas 173 a 180,  me levou às lágrimas —  emocionou as pessoas ao redor do mundo, e foi traduzido para mais de 20 línguas.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO70_11126-1

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