Eu não queria ir, mas não teve jeito: meu coração foi por conta própria.
Por volta das oito horas, saindo de São Paulo rumo a New York, ele tomava seu breakfast em pleno voo.
Como não levou malas, foi logo conhecer o Museu de História Natural.
No dia seguinte, passeou pela Times Square, mas não jantou no Olive Garden — coração não janta, se encanta.
E nos próximos nove dias andou de metrô até South Ferry, pegou a balsa para a Estátua da Liberdade e Ellis Island, em Battery Park, seguiu para Wall Street, Touro, NYSE, NASDAQ, FED, T Church, Ground 0 e World F Center, Ventury 21.
Como fazem bons e saudáveis corações — o Dr Marcos Papa garante— batia ansioso e feliz a cada novo lugar ou rua percorrida.
Ponte do Brooklyn, 30 Rockefeller Plaza, loja NBC Friends Top of the Rock, Washington Squere Park, Lower East Side, Soho, Little Italy, Chinnatown.
Como todos devem conhecer uma famosa piadinha, sabem que coração não tem pernas e, por isso, sem se cansar, meu coração desceu até a Penn Station, foi até o General Post Office, passando pela Madson Square Garden e subiu o Empire State Building, descendo a pé até Flatiron Building, para dar uma passadinha no Victorya’s Secrets.
Mas, mesmo sendo um bom coração, não é de ferro.
Tomou então um trem verde para tirar umas fotos — coração de fotógrafo tem que amar fotografia — no Guggenheim depois de conhecer a 5ª. Avenida, FAO, Apple, Central Park, Bloomingdale’s, Serendipity.
No sétimo dos dez dias: Upper West Side, Time Warner Center passou no Lincoln Center e subiu até Dakota Apartmentes, Cosmic Collisions, Na All-New Space Show, I-MAX Dinossaur.
No oitavo dia foi Natal: Natal fantástico em New York com direito a neve que não veio, muito frio e Papai Noel de verdade.
Depois de dois dias livres, durante os quais meu coração ficou só assistindo Ao casal que me acompanhava se locupletar nas compras, fizeram mais um passeio pelo Central Park e voltaram.
Salvo de um infarto, meu órgão rebelde continuava agitado com a aproximação da viagem de volta.
Amante que sou de qualquer forma de arte, possibilitei a ele vibrar com mais força nas apresentações do O Fantasma da Ópera e Mamma Mia !
Agora, o velho e cansado coração de pai bate novamente em meu peito, como de costume, ao lado de minha filha e meu genro que voltaram depois de dez dias de viagem aos EUA .
ANTONIO CARLOS TÓRTORO