VIVENDO E APRENDENDO: CAIXA DEZ

“A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas” .
Michel de Montaigne
Dentre as muitas piadas existentes sobre funcionários públicos, acho bastante preconceituosa a que se segue:

No intervalo das aulas na escola, estava a maior baderna entre a criançada. De repente, o Joãozinho tem uma ideia e grita:
— Galera , tenho uma ideia !
— Qual é ? — pergunta a garotada curiosa.
— Vamos brincar de funcionários públicos ?
— Vamos — concordaram todos — mas como é que se brinca disso ?
— É fácil — respondeu Joãozinho — o primeiro que se mexer perde !

Com certeza, Joãozinho nunca foi até a agência da Caixa Econômica Federal da Presidente Vargas, em Ribeirão Preto.
Recentemente retirei um valor distribuído pelo PIS – Programa de Integração Social, na referida agência.
E fui agradavelmente surpreendido..
Minha surpresa começou quando fui recebido, no  setor de atendimento, educada e respeitosamente por um segurança colocado atrás da porta giratória, travada pelo sistema: imediatamente ele tomou as devidas providências para que eu não me sentisse constrangido diante da situação.
Não me fez ficar seminu e nem me deu um tiro de revólver como tem ocorrido ultimamente em filiais de Bancos particulares.
Já dentro da agência, recebi do atendente informações precisas para preencher um determinado formulário e, pasmem, ele se apresentava com um sorriso simpático e acolhedor.
No caixa, ao receber os valores devidos, pedi ao funcionário que me desse cinquenta reais em notas de dez, para eu pagar o estacionamento. Confesso que esperava um sonoro não, embasado nas normas administrativas da instituição e/ou  ordens expressas do gerente: enganei-me, pois ele,  gentil e amigavelmente, fez a troca de notas sem resmungos, sem cara amarrada, sem senões.
Getúlio Vargas, que acreditava que uma grande Nação dependia da existência de um competente e atuante serviço público, teria ficado feliz se estivesse ali comigo.
Há alguns meses tive que entrar num Banco particular — que, segundo comercial veiculado na mídia, pretende ser o maior do país  — onde a empresa em que trabalho abriu contas para os funcionários, e posso garantir: o atendimento não chegou nem perto do recebido nessa Caixa .
Aprendi, então, que existem funcionários,  e funcionários públicos, e passei a acreditar no Banco que acredita nas pessoas.
Vivendo e aprendendo.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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