NÓS, PROFESSORES, ACEITAMOS O RESTO

 

“Essas medidas foram tomadas porque todos nós   sabemos, sobretudo nós, os idosos, o peso que isso (o preço dos remédios) tem nas famílias”.
Fernando Henrique Cardoso

Dizem que de graça até injeção na testa ou  na veia.
Eu digo que, de graça, até vacina contra a gripe — doença respiratória aguda causada pelo vírus influenza — seja ela Sazonal, Aviária, A, H1N1, H5N1,  Espanhola, Asiática, de Hong Kong, Suína , Equina, Bovina.
Tenho acompanhado de perto os resultados das campanhas de vacinação contra as gripes Sazonal ( para maiores de sessenta anos)  e Suína: e vejo que devem estar sobrando  milhares de doses já que os percentuais alcançados chegaram a, somente,  88 % do previsto.
Ouvi pela mídia que, a poucos dias do fim da campanha nacional de vacinação contra a gripe, o Ministério da Saúde esperava imunizar em torno de cem  milhões de pessoas e que, caso não chegasse a esse número, o órgão não saberia , ou não informou, o que faria com o possível excedente de doses, até porque, segundo o Ministério, não há mais vacinas em poder da União: todas estão estocadas nos postos de saúde das cidades e municípios, não havendo informações sobre possível recolhimento dessas doses ou da permanência delas nos postos à disposição da população.
Mas eu sei o que poderiam fazer e deixo aqui minha proposta.
Enquanto sobram doses, nós, professores / educadores — fora das faixas etárias para quais as vacinas foram indicadas pelo Ministério da Saúde — ficamos sujeitos à gripe devido ao relacionamento  diário com crianças e adolescentes.
No meu trabalho de Orientador Educacional e responsável, diariamente, pelo contato com pais e alunos, recebo em minha sala adultos aparentemente saudáveis — pais , professores, divulgadores, ex-alunos — e também crianças e jovens alunos com febre, mal estar, dor de cabeça, dor no corpo, indisposição estomacal, diarreia, os quais vêm me pedir autorização para deixar o colégio antes do final das aulas.
Penso que o contato desses alunos com professores e funcionários poderia estar protegido justamente com a aplicação das doses de vacinas que estão sobrando e pelas quais já pagamos regiamente por meio dos impostos abusivos de nós cobrados pelo governo brasileiro
Essa atitude dos órgãos governamentais me faz lembrar de um caso ocorrido comigo,  quando uma funcionária de lanchonete preferiu  jogar fora o restinho de caipirinha que sobrou, a deixar-me dar um gole em meu copo e depois completá-lo com a sobra da coqueteleira: ela achava que seria normal jogar fora parte da bebida pela qual eu havia pago.
Espero não ficar sem a vacina agora, e ler depois, na mídia,  que milhares de doses perderam a validade encostadas nos abandonados postos de saúde do país.
Espero, principalmente, que o nosso Ministério da Saúde esteja sendo dirigido por pessoas com maior discernimento e bom senso do que os da funcionária de lanchonete, que um dia conheci.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

 

ARTIGOS, EDUCAÇÃO