A Ribeirão de todas as cores completa mais um ano de vida: 19 de junho de 2010.
O verde dos canaviais substitui hoje o vermelho rubro dos grãos de café dos antigos cafezais e, quando incendiado para o corte da cana-de-açúcar , transforma o céu azul em mar de nuvens negras e poluentes.
Os córregos que cortam a cidade lavam de pardo as avenidas e ruas durantes as enchentes de verão.
O amarelo ouro das folhas secas das palmeiras mescla-se com o rosa surpreendente dos ipês nas vias principais da cidade.
O branco predominante nos prédios se deixa pincelar pelas mais diferentes tonalidades de infinitas cores, transformando as vistas tomadas dos pontos mais altos da metrópole em vivas paletas naturais.
E assim também as cores das pessoas: são várias as suas composições, com roupas, cabelos, acessórios: brancas, loiras, negras, bronzeadas, vermelhas, azuis, verdes, sobre motos, dentro de carros, ônibus e caminhões.
Em dia de futebol, Ribeirão torna-se alvinegra ou tricolor, compondo variações com as cores das equipes visitantes e nos dias de Carnaval um festival de todas as cores.
Mas as principais são as cores só vislumbradas pelo coração.
A cor do acolhimento incondicional a todos aqueles que, por algum motivo, resolvem viver na Capital do Agronegócio.
A cor da esperança que nosso povo empreendedor e trabalhador deposita, a cada ano, em suas atividades cotidianas, seja nas escolas, nos negócios, nos esportes, nas instituições religiosas.
A cor cheia de vida dos centros e espaços de lazer espalhados pela cidade, propiciando a cada cidadão o direito a um tempo com seus familiares e amigos.
A cor do sucesso que emana dos shoppings e das áreas de condomínios luxuosos, contrastando com a cor da miséria circundante das favelas da periferia.
As cores da História, como a poeira da Vila Tibério, a fumaça dos trens de ferro da Mogiana, os cassinos e as prostitutas de Cassoulet.
As cores da dengue, da gripe suína e de outras doenças e epidemias que somente são conhecidas pelos atingidos pela febre, a dor, o mal-estar, a diminuição das plaquetas e o aumento dos atendimentos nos postos de saúde.
As cores dos efeitos das drogas , da miséria humana, do desamparo de idosos e de crianças, da intolerância, do desafeto, da indiferença pelos excluídos.
As cores da politicagem, da corrupção, dos desvios de verbas, dos desmandos dos poderosos, da impunidade, das leis imorais.
Feliz aniversário, minha cidade, minha grande cidade, minha única cidade.
Pelo menos neste seu dia, quero olhar para você com óculos mentais munidos de filtros multicoloridos da fé, fé nas pessoas, nos políticos, nos empresários, nos servidores públicos e privados, nas crianças, nos jovens, nos idosos, nos cidadãos, enfim, todos aqueles que passarão a escrever uma nova, e espero que mais colorida, página da História de Ribeirão Preto, azul, verde, amarelo…furta cor.
Um furta-cor inspirado no sonho com um mundo sem fronteiras, onde a natureza, o amor e a paz não correm perigo, e a liberdade é a palavra de ordem.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Foto de AC Tórtoro – Grupo Amigos da Fotografia
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA:
Parabéns,meu amigo Tórtoro.
Ninguém teve a ousadia de descrever a realidade da nossa querida Ribeirão Preto.
Lembro-me quando mudei para nossa cidade, era a Capital do Café.Saíamos da Faculdade,tínhamos opções de boas “boates”, barzinho sem o perigo de drogados.Povo hospitaleiro,as belas palmeiras,o apito da Antártica…enfim podíamos nos dar ao prazer de sentarmos nas calçadas.
Hoje,temos “medo”,só se sai de carro fechado.
Mas,como você,acredito numa Ribeirão futura,nossos jovens estimulados ao estudo, oportunidades de trabalho.
Deus proteja a nossa querida Cidade!!!
Abraços fraternos.
Isaura Jorge