“Se queres prever o futuro, estuda o passado”
Confúcio
No excelente romance histórico de Aydano Roriz, O Desejado – A fascinante História de Dom Sebastião , conhecemos um pouco mais sobre esse mito da História portuguesa: Rei aos três anos de idade, morto aos vinte e quatro em cruzada contra os muçulmanos, Dom Sebastião mudou a História de Portugal e, vários séculos depois, ainda vive no imaginário popular.
No capítulo 58, podemos ler : “ Ao galope dos cavalos, de boca em boca a notícia foi se espalhando, sendo divulgada e originando reações de perplexidade, consternação, histerismo. Um sentimento de comoção popular tomou conta do Reino. Entre lamúrias e prantos, as pessoas acorriam de uma casa a outra, de uma repartição régia a outra, de uma igreja para um convento. Queriam notícias, desmentidos, alívio para o espírito. Quase todos ali tinham alguém querido alistado na Cruzada de Dom Sebastião. E, ao que se dizia, os portugueses haviam sofrido uma derrota fragorosa. Poucos teriam logrado escapar. Pelo menos oito mil haviam tombado no campo de batalha. Quanto aos demais, os mouros tinham rendido e posto em cativeiro. Pior. Ninguém sabia o paradeiro do rei. Não constava que houvesse sucumbido na peleja ou sido pego como refém do maluco. Dom Sebastião simplesmente deixara de ser visto. Sumira. O Novo Temor, o Sublime Rei, extraviara-se. Evaporara sem deixar vestígio. Não, não, mil vezes não. Dom Sebastião não poderia ter morrido. Decerto, acontecera ao Messias do Reino o mesmo que a Nosso Senhor Jesus Cristo. Oculta-se por uns tempos para, um belo dia, ressurgir das brumas do Mar Oceano e voltar a sentar-se no trono que lhe fora designado por Deus”.
No epílogo a realidade nua e crua : “ Dom Sebastião morreu. A Batalha dos Três Reis determinou o fim de famílias inteiras e arruinou Portugal. Nos vinte meses seguintes, passaram pelo trono Dom Henrique e Dom Antônio. Felipe de Espanha atravessou a fronteira e se fez coroar rei de Portugal. Depois de Felipe, veio o filho dele. Depois o neto, E por sessenta longos anos os portugueses tiveram espanhóis como reis. A vergonha do povo, aliada à esperança de que surgisse um salvador milagroso, criou o mito do sebastianismo. Decerto ele haveria de voltar. E ninguém nunca foi tão desejado quanto ele”.
Não sei por qual motivo mas — ouvindo a voz do povo mais humilde nas ruas, aqueles que não têm acesso a jornais, revistas e Internet — parece-me familiar essa História de salvadores da pátria que dizem fazer o que nunca antes foi feito.
Na mídia já ouvi comparações a Jesus Cristo, defesas de Hugo Chaves e Armadinejad — que desrespeitam abertamente os direitos humanos — ao mesmo tempo em que se cobram investigações na área de direitos humanos, pasmem, antes de se dar o sim à volta de Honduras à OEA: capitalismo, comunismo, socialismo, oportunismo, democracia, ditadura, loucura ?
De Dom Sebastião não se sabia o sexo, e Lula não sabe, na política mundial, de que lado está. Dom Sebastião não ouviu seus assessores, e Lula não tem ouvido a opinião pública mais esclarecida e o mundo: o Lulismo parece-me que subiu à cabeça.
Enfim, cada país tem o Dom Sebastião que merece, e o pior, que elege.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA:
Saudações acadêmicas!
Li o seu texto e aplaudo.
Por semelhança de opiniões, lembro que dia desses, em conversa, me perguntaram quem deveria ser o novo técnico da Seleção Brasileira de Futebol. Como não entendo de futebol, meu parecer é que deve ser o Lula (esse que inventou o Brasil, pois antes dele nada havia, parece) e seus assistentes técnicos Galvão Bueno e Neto. O povo que tenha paciência.
Forte abraço.
Luiz Carlos Moreno – ARE- Academia Ribeirãopretana de Educação