O TORRESMO DO NORIVAL

“Comer é uma necessidade do organismo.     Amar é uma necessidade da vida”
Gabriel de Queiroz Ribeiro

 
Na Wikipédia a definição de torresmo é : uma preparação culinária feita de pele de porco com gordura (ou mesmo toucinho e até banha) cortada em pequenos pedaços e frita até ficar crocante.
É apreciado em diversas regiões do mundo. Os gribenes são iguarias semelhantes, da culinária kosher, mas feitas de pele de frango.
No Brasil, é uma contribuição da culinária de Portugal, com alguns retoques dos temperos trazidos pelos escravos da África. Antigamente, era apenas maneira de se obter a banha de porco (gordura utilizada na culinária), mas na Bahia colonial, os escravos passaram a consumi-lo diretamente.
O torresmo passou a ser utilizado em larga escala como um delicioso petisco associado à comida mineira, sendo apreciado acompanhado de um aperitivo – aguardente – e utilizado também na feijoada e no feijão tropeiro.
Pode acompanhar, também, qualquer bebida, sendo comum seu uso como tira-gosto, e igualmente comum seu consumo com cerveja.
Mas o torresmo da Wikipédia não é o torresmo do Norival.
Norival é  um grande amigo, casado com minha ex-aluna Regina,  que, aos domingos, nos dá a satisfação de sua presença, e seu torresmo vem acompanhado de  uma aura de carinho e amizade que nenhum outro torresmo do mundo tem: não o degustar de forma respeitosa e sagrada chega soar como   transgressão.
Obtido por Norival, possivelmente numa Festa de  Babette  — filme de Gabriel Axel , 1987, em que Babette , personagem principal, é informada que ganhou um prêmio elevado na loteria e, ao invés de retornar à França, pede permissão para preparar um jantar em comemoração ao centésimo aniversário de morte do pastor luterano, mentor religioso do lugarejo. Começam,  então, nesse momento, reflexões que se enovelam em uma teia de explosões visuais intermitentes que contagia os signos em cadeia erotizante de devoração, ( ou degustação?), suspendendo os sentidos, violando as leis e a lógica vigentes na desolada comunidade da costa da Dinamarca, para se fazer apenas transgressão — é um manjar dos deuses que, nas manhãs de domingo, acompanhado de uma caipirosca, prepara nossa alma para os desafios da semana que virá,  porque comer é uma necessidade do organismo, mas ter amigos como o Norival e a Regina é uma necessidade da alma.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

Na foto de Lu Degobbi  – Grupo Amigos da Fotografia : Norival e Tórtoro no Regatas.

 

 

COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA:

 
Eta trem bão esse torresmim! Diacho é o tar colesteror. Ocê come cumum cachorro mago e morre cumum porco obeso! É, ou num é, cumpade?

 

Dr Nelson Jacintho – Escritor

 

 

Olá Tórtoro,
Este teu amigo realmente mostrou que tem bom gosto.
Aqui para nós matogrossenses, torresmo feito fresquinho no dia da carneada do porco na fazenda, acompanhada de uma geladinha, para nós é festa porque é tudo di bom.
A gente corta ele fininho e deixa alguns pedacinhos de carne junto…hummm…
fica melhor ainda…
Olha, voc~e não é Ana Maria mas é um grande tesouro para nós.
Sou preguiçosa para leitura, mas quando posso, dou uma passadinha para ver…!!!
Um grande abraço.

 

Sandra Ribeiro – Maracaju – MS

 

Tórtoro,

este artigo é tão saboroso que dá vontade de conhecer de perto o NORIVAL e provar do torresmo.

Parece o “feijão da Vicentina”, que Paulinho da Viola imortalizou em sua música.

Abraços.

 

Corauci Sobrinho
Secretário da Cultura de Ribeirão Preto

 

70_9904-1

ARTIGOS