PAÍS DOS BOND, JAMES BOND

“O menor Luke Mitchell, de 16 anos, foi condenado à prisão perpétua em Edimburg, capital da Escócia, sob a acusação de haver assassinado a namorada, Jodi Jones, uma garota de apenas 13 anos. “

“The Guardian”
Um jovem estudante , de 19 anos, filho de diplomata, bate em dois outros  veículos no setor central de Brasília e, após se recusar a fazer o teste de bafômetro, saiu impune do local, sob escolta de uma viatura do Batalhão da PM. Ele dirigia sem habilitação e com visíveis sinais de embriaguez. Ele poderia ter matado alguém.
Licença para matar 1.
Outro jovem mantém reféns duas menores de idade, durante 100 horas, ameaçando-as de morte. Bota a cara na janela, atira nos jornalistas que faziam a cobertura, e é tratado como um bom rapaz endoidecido pela paixão: e, mesmo perturbado, dita as regras de um jogo macabro.
Licença para matar 2.
Em ambos os casos temos jovens que não sabem ouvir um não. Para eles tudo pode. São filhos de uma geração de pais criados sob o lema : é proibido proibir. Acreditam que o mundo gira em torno de seus umbigos: os pais fizeram com que acreditassem nisso ao baterem de frente com professores e autoridades que, um dia, tentaram mudar sua visão egoísta de mundo  no qual vale mais o ter que o ser.
A única diferença é que o primeiro é protegido pela Convenção de Viena e o segundo pela tolerância irritante de nossa frágil  legislação.
Nos jornais do dia seguinte, uma distribuição de órgãos: em torno de 8 pessoas terão suas vidas salvas.
Pelo andar da carruagem, em poucos dias o assassino de Eloá será considerado um benfeitor da humanidade: matou uma jovem de 15 anos, mas salvou sete, e será protagonista de um futuro filme nacional.
Pena que não tenha salvado as sete com as próprias vísceras e órgãos.
O ameaçador dedo em riste do filho do embaixador no rosto da policial, e a face da jovem e indefesa Eloá,  numa exígua  janela do bloco 24, são imagens da semana que ensinam, de forma didática, que podemos desacatar as leis, tripudiar sobre os direitos e garantias constitucionais dos cidadãos honestos e pagadores de seus impostos , com a garantia de que nada, ou muito pouco, vai acontecer.
Tanto é verdade o que acabo de afirmar que  nem bem os órgãos de Eloá foram realocados, e mais dois jovens atentam contra a vida de suas companheiras, dizendo-se inspirados em Lindemberg.
Tivesse um atirador de elite exercido a função para a qual é preparado com dinheiro de nossos impostos, e, hoje, outros  órgãos estariam sendo doados, e os adeptos da violência pensariam mais vezes antes de agir.
A  imolação de cordeiros, em nome da proteção de bandidos, já está se tornando insuportável: a partir do momento em que alguém age como bandido, deve ser tratado como tal.
Justiça por Justiça: prefiro a escocesa.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

COMENTÁRIOS SOBRE O ARTIGO ACIMA.

Congratulações efusivas. Seu artigo está excelente, forte, convincente. Bom título, objetividade, clareza.

 

Ely Vieitez Lisboa.

 

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