FIM DE “FESTA” ?

Ouvi alguém dizer que, se eleição fosse festa , seríamos convidados e não intimados: concordo plenamente.
Precisamos lutar pelo fim do voto obrigatório, já.
A festa, na realidade, é somente daqueles que foram eleitos.
Mas o que deveriam fazer os mais de trezentos candidatos que não farão, por mais quatro anos, parte da festa  ?
Sugiro que outra festa: uma festa verdadeiramente interessada na mudança da triste realidade política e social com a qual convivemos.
Que tal reunirmos todos os “derrotados” e criarmos um fórum permanente para sugerir criação de leis e fiscalização das atividades desenvolvidas pelo Prefeito Municipal ?
Acompanhando o horário de propaganda eleitoral pude constatar que , pelo menos na teoria , todos os candidatos —  médicos, dentistas, advogados, professores, delegados, comerciários, comerciantes, industriais e industriários, bancários, costureiras, escriturarias, balconistas… — desejavam os respectivos cargos para poderem ajudar a população em todas as suas necessidades: ninguém falou em ganhar dinheiro.
Então, por que não reunirmos nossos sonhos e interesses, com apoio de cada um dos candidatos, dentro de suas especialidades e campos de conhecimento e atuação, e , assim, orientarmos vereadores e prefeito no exercício de seus respectivos mandatos ?
Que tal deixar de reclamar e criticar o atual sistema de eleição de candidatos e colocar  mãos à obra, exigindo transparência, lisura, orientando  e politizando  a população carente e inculta,  promovendo movimentos populares e exigindo participação nos diversos orçamentos a fim de que prioridades sejam estabelecidas e cumpridas ?
Que tal exercer, e ensinar a todos  como exercer e exercitar a cidadania, não deixando nas mãos de 20 decidirem, algumas vezes,  em conluios de bastidores,  sobre os nossos destinos, de forma pacífica e alienada, qual cordeiros ou gado indo para o abate ?
É preciso que cada um marque na folhinha de casa o nome do vereador e do prefeito em quem votou, e deles cobre, semanalmente, atitudes, leis, decretos, ações, medidas objetivas, negando-se  a engolir discursos vazios, recusando-se  a ser enganados com leis inconstitucionais e eleitoreiras: é preciso reunir as  forças  vivas ( se é que ainda continuam vivas ) da sociedade e abrir caminhos legais de participação popular.
Conselhos, associações de bairros, e outros grupos legalmente constituídos, devem  ter voz ativa e participação efetiva junto ao legislativo e executivo, com reuniões  sendo realizadas periodicamente, tendo em vista demonstrar que vale a pena cada cidadão deixar seus afazeres particulares e seu lar, em determinados momentos, para fazer valer sua vontade  sempre, e não só na hora do voto.
Eu tenho esperança: é pecado não ter esperança.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

 

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