“Para que discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras”.
Voltaire
Os professores, todos os dias, deixam seus lares com um pensamento fixo: dar notas bem baixas para alguns alunos, de preferência os mais estudiosos, previamente escolhidos.
Orientadores Educacionais, todos os dias, discriminam, caçam, a dedo, dois ou três alunos para darem sermões e importunarem os pais nos seus afazeres diários: é sempre um enorme prazer criar caso com jovens adolescentes que só querem estudar.
Bedéis, nos corredores das instituições educacionais, escolhem sempre os melhores e mais comportados alunos para encaminhá-los à Direção do colégio: sempre mentem, sempre induzem ao erro, sempre dão maus exemplos, sempre sentem prazer em ver punidos os jovens mais disciplinados.
As funcionárias encarregadas da limpeza, sempre levam consigo papéis picados, aviões feitos com folhas de caderno, pedaços de giz e outros objetos mais, para jogarem no chão das salas de aulas a fim de incriminarem, junto à direção, jovens que, educadamente, sempre se utilizam do lixo disponível na sala.
As tarefas nunca são pedidas para serem feitas porque, com certeza, os professores não querem ter trabalho extra, além do que nunca corrigem as pouquíssimas tarefas, caso sejam dadas: os alunos só não estudam porque o estudo não é exigido como deveria ser.
Os trabalhos e pesquisas são sempre propostos de última hora, de um dia para o outro, e nenhuma explicação é dada para que os alunos possam apresentar um bom rendimento.
Os boletins nunca são entregues ao final de cada bimestre: são todos entregues no final do ano, quando, então, e somente então, os alunos ficam sabendo que não foram bem nos estudos durante todo o ano letivo.
Os pais sempre têm todo o tempo do mundo para orientarem seus filhos na consecução de seus trabalhos e objetivos escolares: a escola é que nunca entra em contato e, quando o faz, é só para criticar e propor ridículas, inaceitáveis e obsoletas formas de melhorar o rendimento.
O pagamento das mensalidades é sempre pontual, e os professores vivem de brisa, são abnegados, sem família, e podem trabalhar sem salários , caso a escola não tenha como cumprir seus compromissos ao final do mês: docência é sacerdócio, e a direção da escola não entrega o material escolar para os alunos porque é insensível ao enorme valor que os pais dão para a educação de seus filhos.
Na portaria, o relógio da entrada está sempre adiantado: é uma satisfação sem limites ver o aluno voltar para casa ou ficar sem assistir às aulas.
Os jovens — até Rousseau sabia disso — nasceram e são sempre bons, educados, amáveis, felizes e gratos por estarem por cinco ou seis horas num estabelecimento de ensino, aprendendo as belezas da Física, Química , Matemática, Biologia, Português: os professores é que trazem problemas particulares de casa e, ao invés de bem ministrarem suas aulas, descarregam suas mágoas e desgraças sobre tão incríveis criaturas sedentas de saber.
Papai Noel sempre coloca presentes nas meias penduradas nas janelas, a cada final de ano, e o coelhinho nunca se esquece de deixar ovinhos de chocolate nos dias de Páscoa.
Essas são algumas “verdades” em que alguns pais, débeis e perdidos, acreditam.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO