GETÚLIO VARGAS E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

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As ruas de Ribeirão Preto, nesses dias de campanha eleitoral, mais parecem um circo a céu aberto.
Em cada esquina, figuras deprimentes, eu diria personagens —  mais aterrorizantes que os da Hora do Horror, do Hopi Hari, porque são reais —     de uma peça que não terá seu fim no próximo dia  cinco de outubro.
Estão confundindo campanha eleitoral com espetáculo de vale-tudo e parecem dispostos a tudo, tudo mesmo,  para alcançarem seus objetivos: perderam a noção mínima do ridículo.
Fico imaginando certos candidatos , caso eleitos, como se comportarão na Câmara Municipal: e tenho vontade de chorar ao imaginar nossa Casa de Leis ocupada por gente de tão pouca seriedade.
Penso que todos os candidatos deveriam ler , caso sejam devidamente alfabetizados, o livro Getúlio Vargas em Dois Mundos: um livro que todos os políticos deveriam conhecer para saberem um pouco mais sobre suas responsabilidades, não só com relação ao povo que representam, ou representarão, mas, principalmente, para com seus compromissos no campo da espiritualidade, individual ou coletiva.
Talvez esteja sendo muita pretensão  de minha parte imaginar que tais figuras acreditem em algo mais, além do dinheiro e do poder que alcançarão ao serem eleitos.
Infelizmente, maus políticos de todos os níveis, com raras exceções, são  sempre os modelos de sucesso a serem seguidos, pois, afinal de contas,  vivemos num país em que as brechas nas leis e competentes advogados fazem o paraíso dos endinheirados e dos poderosos.
Todos sabemos que, por desrespeito ou desobediência às normas estabelecidas para o andamento do processo eleitoral, vencidas as eleições , os portadores dos novos mandatos dificilmente serão punidos, deixando em cada um de nós a sensação de impunidade e de que vale a pena arriscar ser apanhado ou denunciado.
Outro procedimento que deixa brechas para tentativas de burlar a legislação vigente é a disparidade de decisões judiciais  tomadas por juízes diferentes, em regiões, municípios e Estados diferentes: nós , que acompanhamos as notícias da mídia, ficamos com a mesma sensação de insegurança que toma conta de um adolescente cujos pais, a quem deve respeito, não se entendem quanto à aplicação de normas e limites.
Penso que a súmula vinculante seria um remédio muito útil nesse momento, apesar de não haver consenso sobre sua adoção.
Com relação ao conteúdo dos discursos dos candidatos, tenho acompanhado as declarações e debates com muita atenção, e o que tem me preocupado, em especial, são as denúncias de que vereadores fazem indicações políticas para todos os setores da administração pública: vide críticas/denúncia do coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP, Sérgio Kodato, feitas na própria Câmara de Ribeirão Preto e confirmadas, pasmem, por um de nossos vereadores  — Folha de 5/9/08  —  e por um dos candidatos à Prefeitura Municipal em debate realizado, recentemente,  pela Clube.
No mínimo, estamos necessitados, com urgência, de transparência em todos os sentidos: nomes de quem indica e dos que são indicados, com respectivos departamentos e setores, caso realmente existam.
Se assim não for, corremos todos o risco de estarmos sendo co-atores de uma peça circense de mau gosto e de péssimas conseqüências para a formação cívica, principalmente de nossos jovens eleitores.

 

ANTONIO CARLOS TÓRTORO

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