O MARMANJO DO TAMBOR

TAMBOR
É tempo de Natal.
É tempo de Advento.
É tempo de muitas comemorações, almoços, jantares, amigos secretos, encontros, festas com múltiplos objetivos.
É tempo de solenidades de entrega de certificados de conclusão de cursos, licenciaturas, diplomas.
É tempo também de churrasco, muita bebida, roda de samba, batuque em porta de bar, música barulhenta e fora de ritmo.
Mas penso que tantas festas acabam mexendo com os miolos dos menos privilegiados pela chamada inteligência emocional, na designação mais antiga e remota do termo criado por Charles Darwin que em sua obra referiu-se à importância da expressão emocional para a sobrevivência e adaptação.
Não é preciso ir muito longe para saber que solenidade é um ato solene, evento formal onde geralmente uma pessoa recebe uma honraria, ato de elevação de estágio na vida de alguém.
Por outro lado bagunça é desordem, confusão, falta de organização.
Portanto qualquer bagunça, em uma solenidade, representa, no mínimo, um desrespeito para com as pessoas presentes, e que sabem se comportar de acordo com as normas estabelecidas pelo meio social em que estamos inseridos.
Infelizmente presenciei o desempenho de um desses chamados “sem noção” em uma solenidade de entrega de certificados a jovens adolescentes — uma faixa etária tão carente de modelos e bons exemplos nesses nossos tempos de Lava Jato, mensalão, petrolão e outros tipos de escândalos globais, nacionais, pessoais — portando, e o pior, tocando ruidosa e aleatoriamente o inadequado instrumento no decorrer da solenidade.
O desagradável param pam pam, pam pam pam, pam pam pam nada tinha a ver, naquele momento, com os Tempos de Advento e nem de longe lembrava a letra do O Menino do Tambor que segue abaixo para permanecerem em meus/nossos ouvidos como os últimos acordes de uma solenidade que, apesar do inoportuno tambor, marcou um momento inesquecível para todos aqueles que dedicaram grande parte de suas vidas a atingir marcantes objetivos na vida educacional:
“Vinde todos, param pam pam pam / O vosso Rei nasceu, param pam pam pam / Para o Deus Menino, param pam pam pam / Levemos o melhor, param pam pam pam / pamram pam pam pamo / Vinde e adorai, param pam pam pam / O Redentor.
Meu Jesus, param pam pam pam / Sou pobre como Tu, param pam pam pam / Nada tenho p’ra dar, param pam pam pam / Além de muito amor, param pam pam pam / pam ram pam pam pam / Tocarei p’ra Ti, param pam pam pam / O meu tambor.
E Maria, param pam pam pam / Com doce olhar escutou, param pam pam pam / O som do meu tambor, param pam pam pam / E nada mais se ouviu, param pam pam pam / pam ram pam pam pam / E o Menino, param pam pam pam / P’ra mim sorriu”.
Em tempo: se no texto, dentro do contexto musical, o param pam pam pam incomodou, imaginem numa solenidade.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

ARTIGOS