CLAUDIO TÓRTORO: MEU PAI – HOMENAGEM PÓSTUMA

CLAUDIO-MEU-PAI-artigoClaudio Tórtoro — consta em seu registro de nascimento a observação: “segundo com o mesmo nome”, porque recebeu o mesmo nome de um irmão natimorto — filho de Carmine Tórtoro e Ida Pulverini, nasceu em 15 de novembro de 1923, em Ribeirão Preto – SP, nas redondezas da Praça 7 de Setembro.
Aos dez anos perdeu o pai — Carmine faleceu com problemas pulmonares devido ao pó de mármore que respirou durante parte de sua vida no trabalho na Marmoraria Progresso — e a partir daí teve que responsabilizar-se pela criação de três irmãos: Áureo, Octávio e Francisco, todos menores que ele; e pelo sustento da mãe.
Por esse motivo começou a trabalhar muito cedo na Cristófani Madeiras, empalhando cadeiras.
Posteriormente, trabalhou quase toda a vida — por mais de quarenta anos — no Antigo Banco Construtor ( contratado pelo próprio Antonio Diederichsen) , depois denominado Cia. Comércio e Indústria Antonio Diederichsen, atualmente Santa Emilia.
Em 1948 casou-se com Terezinha da Silva e teve os filhos Antonio Carlos e Rita Maria.
Aposentou-se trabalhando na Diederichsen como representante da firma Permetal — materiais utilizados em usinas de açúcar — após ter sido, durante muito tempo o responsável por um dos setores mais importantes da empresa: a seção de expedição.
Claudio, conhecido pelos amigos como Dinho ou Manolo — gostava de cantar músicas de Vicente Celestino — fazia questão de contar que trabalhou em peças teatrais quando Congregado Mariano na Igreja São José — por exemplo, na peça Vida e Morte de São Venâncio e outras.
Tocava gaita, empalhava cadeiras divinamente, ouvia óperas e músicas italianas — Gigli, Caruso, Mario Lanza — pescava lambaris, cuidava do pintassilgo, andava de bicicleta, tirava fotos nas horas vagas com sua máquina “caixote”, tinha ciúme de suas ferramentas.
Depois de traído por Olívia, casou-se com Terezinha e teve com ela dois filhos : Antonio Carlos e Rita Maria. Aos 37 anos construiu sua casa própria no jardim Paulista e aos 45 comprou o primeiro automóvel: um Gordini, que logo trocou por um Volkswagen azul claro, destruído em um acidente na estrada Ribeirão Preto-Serrana.
Claudio usou relógio de bolso, tinha um caderno com letras das músicas de Celestino, adorava tomar uma pinguinha de aperitivo, ia a procissões com a família — na Páscoa e na Paixão, de manhã tomava sempre um mingau de aveia, dava semanalmente corda no carrilhão Silco.
Claudio visitava usinas de açúcar vendendo telas da Permetal e dando assessoria técnica, participou da criação da Cooperativa Agrícola de Mombuca – Guatapará, foi sócio-interessado nas Lojas Diederichsen, gostava de ir a São Paulo visitar parentes via Trem Azul. Para os filhos contava estórias, incentivava a leitura comprando anualmente o Almanaque, ia de bicicleta ao aeroporto levando o filho na garupa.
Claudio Tórtoro: um ser humano teimoso ao extremo que viveu intensamente, à sua maneira, cada momento.
Faleceu no dia 7 de julho de 2015, no quarto 603, da Santa Casa de Misericórdia com insuficiência respiratória — sob os cuidados dos jovens e dedicados médicos Fábio e Laís — tendo ao seu lado, no leito de morte, o casal de filhos.
Na sala 4 do velório Samaritano, envolto em coroas de flores — Clube de Regatas, Colégio Anchieta, Elma Bonini e família, família de Lindolpho Pereira e Pastobras — Claudio recebeu a visita de seus amigos— e dos amigos de seus filhos — para as últimas despedidas.
Seu corpo repousa na quadra 22, sepultura 7565 do cemitério da Saudade enquanto seu espírito inicia jornada em nova dimensão.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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