LI E GOSTEI : ÉTICA, JUSTIÇA E CIDADANIA EM FAVOR DA DIGNIDADE HUMANA

DAS MASMORRAS DA SANTO ANTONINHO….

“Deus fez seu reino com os pequenos, os humildes e os que praticam a justiça”

Cf MT 5,1 – 12

Quando conheço alguém que denuncia, com veemência,  as injustiças sociais, logo me lembro da cena de um filme em que Herodes Antipas participa de uma festa em seu palácio, ao lado de Herodias, mãe de Salomé, tendo a bradar em seus ouvidos, das masmorras do mesmo palácio, o profeta João Batista.
A leitura do livro Ética, justiça e cidadania em favor da dignidade humana, escrito pelo Padre Gilberto Kasper, lançado no dia 17 de abril de 2013, , pereceu-me ser o brado de indignação de um João Batista ribeirãopretano, do século XXI, clamando das masmorras, ou melhor, dentre muros da Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres.
Gilberto Kasper não pede cabeças, como o fez Salomé, mas denuncia “mau atendimento, incompetência, corrupção, ausência de amor, burocracia desnecessária e procedimentos vergonhosamente injustos” de Herodias (instituições, autoridades, políticos, governos ) de nossos tempos.
Padre Kasper clama, em cinco capítulos   — não no deserto,  mas nas páginas de seu primeiro livro e nos artigos que escreve em jornais e revistas de nossa cidade  — por ética a serviço da dignidade humana ( educação, saúde, clonagem humana, violência institucionalizada, trânsito, panfletagem, eleições, sexualidade, valores) , a serviço da Igreja ( família, fé, batismo, evangelização), a serviço do sacerdócio ( vocações, “santão”, desafios) , a serviço do anúncio (Natal, maternidade, advento)  e da liturgia celebrada ( Quaresma, Páscoa, conversão, vida e morte).
No prefácio do Dr Sérgio Roxo da Fonseca a constatação: “ É nítida a voz de Santo Agostinho, a severidade de Santo Ambrósio, a solidão meditativa de São Jerônimo e a pujança de São Gregório Magno. Suas vozes são entreouvidas pela leitura das frases deitadas pelo trabalho de mestre” e completa “ Sim, exatamente quando, pela abstração, o Padre Gilberto Kasper e Proust reencontram o tempo perdido para resgatá-lo para a história. É o tempo reencontrado e revelado pela misericórdia impregnada pelo Sermão da Montanha, cujas palavras proféticas ressoam por todos os cantos e em todos os tempos pregando a necessidade de ser saciada a fome e a sede de justiça, por meio da ética voltada para a satisfação do bem comum. O Padre Gilberto Kasper, com a sua vida e a sua obra, cumpriu o dever bíblico de vestir os nus e dar água aos sedentos”.
Conheço o Padre Gilberto desde os tempos em que era seminarista, e realizamos, na década de oitenta,  um trabalho que marcou um  período inesquecível da história do antigo Instituto Santa Úrsula, da rua São José, o “Santão” : e tive a agradável surpresa de encontrar, nas páginas 179 a 181, uma declaração da importância desses momentos em que convivemos: “ Dos quatro Seminários por onde passei, esse foi o lugar privilegiado de minha formação ao Sacerdócio e continua sendo o mais humano e rico de todos os espaços que possa incentivar alguém a ser pessoa com dignidade, independente do serviço prestado. Não tenho como não sentir saudades do “Santão” , graças à eficaz, dinâmica e sempre aberta atuação de seu Coordenador Pedagógico, Irmão, Amigo e importante incentivador de minha Vocação ao Serviço na Messe do Senhor. Minha dedicada ternura e gratidão ao Prof. Antonio Carlos Tórtoro, meu amigo Toninho ! “ .
Enfim, essa coletânea de artigos publicados por meu amigo, jornalista, Mestre em Teologia Moral, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, professor Universitário, Assistente Eclesiático do centro do professorado Católico e Reitor da Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto, é um alerta para que olhemos com amor a realidade que nos cerca, e um chamado endereçado a todos aqueles que desejam promover a dignidade humana em seu dia a dia.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br70_12274-1

Li e gostei, LITERATURA