VERA REGINA MARÇALLO GAETANI NA BIBLIOTECA DO CLUBE DE REGATAS – 2ª. vez.

Vera Regina Marçallo Gaetani realizou manhã de autógrafos de seu livro, “Das dores”, na Biblioteca do Clube de Regatas, no domingo, dia 9 de abril de 2017, das 10 às 11 horas da manhã. Vera já esteve na biblioteca do Regatas em 2011.
Sua presença foi a 110ª de uma série, que, há nove anos, o associado e colaborador, escritor Antônio Carlos Tórtoro, tem levado ao Regatas, no 2º. domingo de cada mês, com o objetivo de incentivar a leitura e apresentar aos regateiros os escritores de Ribeirão Preto e região.

Vera Regina Marçallo Gaetani, nasceu em Curitiba, Paraná, filha de Francisco Antônio Marçallo e Anna Maria de Camargo.
Depois de terminar seu curso no Colégio Nossa Senhora de Sion, foi estudar no Rio de Janeiro onde viveu a época áurea de sua vida.
Segundo ela, foram mesmo os “Anos Dourados”.
Para começar, foi vizinha de João Guimarães Rosa.
Moravam na mesma rua, Francisco Octaviano – Posto Seis – Copacabana.
Foi ele a primeira pessoa a alertá-la para sua tendência de contista.
Houve um belo entrosamento, ele sempre paciente e amigo, apesar dela ser ainda muito jovem.
Participou do grupo de jovens, organizado por Paschoal Carlos Magno, na residência da poetisa paranaense Didi Fonseca, onde recebiam aulas sobre teatro. Por dois anos, participou, como ouvinte, do curso de interpretação musical de Magdalena Tagliaferro no Ministério da Educação, então sediado no Rio de Janeiro.
Todos os domingos, no Cine Rex, assistia os concertos-aulas do Maestro Eleazar de Carvalho – Música para a Juventude – Sua vida, então, era toda voltada para o teatro, música e literatura.
Tendo ido passar férias em Curitiba, conheceu o sextanista de medicina, Luiz Gaetani.
Não voltou para o Rio de Janeiro. Largou tudo e, casando-se em 1956, mudou-se para Ribeirão Preto.
Na épocado nascimento dos filhos (foram seis), escreveu, durante algum tempo, uma página dominical ilustrada, sobre arte, para o jornal “O Diário” de Ribeirão Preto.
Organizou uma exposição de Arte na “Galleria d’Arte Italo-Brasiliana”, do Consulado Brasileiro de Milão – “4 Di Ribeirão Preto” – onde expuseram Vaccarini, Amêndola, Berti e Fúlvia.
É membro da ALARP – Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto, da Academia Ribeirãopretana de Letras, da Casa do Poeta e do Escritor, da Academia Feminina de Letras do Paraná e do Centro Paranaense Feminino de Cultura.
Obteve três prêmios em contos e dois em poesias, todos de âmbito nacional. Recebeu, também, uma medalha “Stella Brasiliense” por ocasião dos vinte anos de circulação da Revista Brasília, “pelos relevantes serviços prestados à cultura do País e pela sua participação nas iniciativas literárias do Grupo Brasília de Comunicação”.
Livros publicados: “Gasparetto, nem Santo nem Gênio, Médium” (esgotado); “Cantos, Contos e Crônicas”, prefaciado pelos atores Nicette Bruno e Paulo Goulart; “A Menininha Loira”; “A Menininha Loira” em Braille; “A Fada e seus Dois Amigos”, conto infantil com ilustrações de Graziela Protti e Cd-Rom em anexo; um livro de poesias em francês, juntamente com o poeta francês Claude Archimbaud, sendo dois livros num só: “Mes Moments” / Vera Regina Marçallo Gaetani e “Murmure” /Claude Archimbaud.
Vera Regina Marçallo Gaetani é casada com o Dr. Luiz Gaetani. Tem seis filhos: Luiz Emanuel, Marcelo, Mauro, Sérgio, Anamaria e André Luiz e sete netos: Luiz Gaetani Neto, Adriano, Lívia Maria, Raquel, Gabriela, Guilherme e Ana Júlia.

COMENTÁRIO SOBRE A OBRA

SOMOS TODOS DAS DORES

Degustando Das Dores, de minha amiga Vera Regina Marçallo Gaetani, dois pensamentos interferiram na minha leitura: a história do Negrinho do pastoreio e a vida de minha mãe.
A primeira interferência é óbvia porque na versão da lenda escrita por João Simões Lopes Neto, o protagonista é um menino negro e pequeno, escravo de um estancieiro muito mau. Esse menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria. Após perder uma corrida e ser cruelmente punido pelo estancieiro, o Negrinho caiu no sono, e perdeu o pastoreio. Ele foi castigado de novo, mas depois achou o pastoreio, mas, caindo no sono, o perdeu pela segunda vez. Desta vez, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, para que as formigas o comessem, e foi embora quando elas cobriram o seu corpo. Três dias depois, o estancieiro foi até o formigueiro, e viu o Negrinho, em pé, com a pele lisa, e tirando as últimas formigas do seu corpo; em frente a ele estava a sua madrinha, a Virgem Maria, indicando que o Negrinho agora estava no céu. A partir de então, foram vistos vários pastoreios, tocados por um Negrinho, montado em um cavalo baio.
Negrinho e Das Dores são sofredores que se transformam em santos.
A segunda interferência, menos óbvia para quem não conhece a infância e adolescência de minha mãe, veio-me à mente porque Terezinha ficou órfã de pai e mãe aos 8 anos, e foi criada por uma família de posses até o momento de seu casamento com meu pai: e sempre contava como é doloroso ser criada sem os pais.
Reencontrar duas marcas do passado de minha infância: foi isso que Vera conseguiu fazer com suas Das Dores.
E refleti: somos todos Das Dores.
Todos nós nascemos, sofremos e morremos, e “todo mundo vira santo depois que morre”: é o que dizem.
Talvez por isso todo leitor se identifica com a personagem principal: “como um escultor que, a cada cinzelada, vai modelando a matéria bruta, nossa escritora vai construindo sua personagem, antecipando tantas dores, ao mesmo tempo que injeta uma expectativa de libertação” — comenta minha amiga, Nely Cyrino de Mello, no prefácio da obra.
Não é isso que todos fazemos tragicamente entre o nascer e o morrer: antecipamos dores com a expectativa de libertação…mas, infelizmente, sem a delicadeza e poesia do texto de Vera?

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

Prestigiaram o evento de Vera Regina Gaetani, na biblioteca do Regatas, além de sua amiga Maria Angélica Sarmento: o fotógrafo Rod Tórtoro – Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto, amigos da escritora, além de leitores e associados do Clube.
A bibliotecária Deise recebeu exemplar do livro, “Das dores”, das mãos de Vera Gaetani, que veio enriquecer o acervo de mais de dois mil títulos.

A Diretoria do Regatas, como de costume, serviu o tradicional café da manhã aos presentes.

Fotos de Lu Degobbi – Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto.

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