“Não fazemos uma foto apenas com uma câmara; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos.”
Ansel Adams
Recentemente participei como jurado da escolha de fotos do V Salão Nacional de Arte Fotográfica Monocromática de Ribeirão Preto – abertura dia 6 de janeiro de 2018: um concurso que abriu espaço para fotógrafos que ainda utilizam fotos analógicas.
Mas, das 713 imagens inscritas — com participação de 20 estados (São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Amazonas, Santa Catarina, Paraná , Rio Grande do Sul , Rio de Janeiro , Acre , Alagoas, Minas Gerais , Ceará , Goiás, Paraíba , Amapá Brasília , Sergipe , Tocantins e Maranhão) e 136 fotos selecionadas — apenas 6%, ou seja, 45 são analógicas.
Falar em fotografia analógica é hoje como falar em locomotiva Maria Fumaça, ferro de passar com uso de carvão, fogão a lenha, gramofone: é falar do passado da fotografia.
Mas o que é uma fotografia analógica?
Foi na década de noventa que o mundo conhecia os primeiros exemplares de fotografia digital no mercado. Mas foi somente a partir de 2000 que a tecnologia realmente dominou o mercado de fotografia. Hoje há pessoas que nem sabem o que é filme, fotografia de filme, ou seja, a tal fotografia analógica: a palavra analógica é empregada atualmente para descrever todo o processo que não é digital, ou seja, não se baseia em ditos (zeros e uns).
Hoje o filme está para o cartão de memória assim como o vinil está para o MP3.
Simplificando: a foto analógica é feita utilizando processos físicos e químicos. É aplicada em uma superfície uma emulsão sensível à luz, como por exemplo, grãos de haletos de prata, e quando expostos à luz, gravam os fótons: foto(luz)+grafia(escrita). Essas superfícies que podem ser placas ou películas, depois de expostas, precisam de agentes químicos para revelar e fixar as luzes e sombras. A partir daí você tem um negativo (ou slide, que é positivo) a partir do qual faz-se a cópia impressa em papel especial.
Então, da próxima vez que você ouvir os termos “eu fotografo com filme” ou “faço fotografia analógica” você já saberá que está falando com alguém que recupera processos artísticos que estão fora de moda ou, por um motivo ou outro, obsoletos.
Os mais jovens, que não tiveram contato com a fotografia analógica, podem pensar que esse hábito é apenas uma atividade saudosista e que as câmeras analógicas não substituem as digitais, mas o contato com os filmes e a fotografia completamente manual pode ser um grande aprendizado, até para os fotógrafos que trabalham com os equipamentos digitais.
Elza Rossato é uma dessas artistas especiais: ela ama voltar às raízes e ensinar essa arte em seus cursos de pinhole: a arte de fotografar com latinhas.
Por isso minha homenagens a esses últimos dos moicanos que participam desse V Salão: Javier – São Caetano do Sul , Lenian Francisco de Paula – Campo Grande, Alex Borja – Manaus, Gisele Sewark – São José do Rio Preto, Firmino Chagas – Rio Grande do Sul, José Luiz Pedro – São Paulo Capital, Marcelo Chiode – Jaú, Paulo Finotti – Ribeirao Preto, Amarildo Correa – São Caetano do Sul, Norman Neumaier – Londrina, Getúlio Ribeiro-Nova Iguaçu, Rafael Simioni – Pouso Alegre, Anacleto Renó – Pouso Alegre e Elza Rossato – Ribeirão Preto.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
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