REFLEXÕES SOBRE QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA ESCOLA
Assisti recentemente, dia 08.04, no PROGRAMA FALA, PROF – TV UNINTER – a um vídeo que tratava das questões étnico-raciais no ambiente escolar.
Questões étnico-raciais são questões históricas e estruturais da sociedade que envolvem desigualdades, discriminação e lutas por reconhecimento.
Durante a entrevista, as participantes trouxeram à tona temas importantes e sensíveis, como baixa autoestima, ansiedade e até mesmo o suicídio, relacionando essas dores diretamente a questões étnico-raciais.
Embora eu reconheça que o racismo, infelizmente ainda está presente em nossa sociedade, e possa sim ser fator desencadeante de sofrimento emocional, discordo da ideia de que esses problemas sejam exclusivamente ou primordialmente causados por ele, como se pretendeu mostrar no vídeo.
Minha vivência na educação me mostra que qualquer aluno, independentemente da cor da pele, do sexo, da religião, da orientação sexual, da condição social ou de outras características, pode enfrentar sentimentos de exclusão, insegurança, tristeza profunda e ansiedade. A raiz desses sofrimentos, na minha visão, está na intolerância às diferenças — uma atitude que vai além do racismo e alcança todas as formas de preconceito e discriminação.
Quando a escola, a família ou a sociedade não acolhem e não respeitam as singularidades de cada indivíduo, criam-se espaços propícios ao sofrimento emocional. O aluno que não se encaixa em um padrão social, físico, cultural ou comportamental muitas vezes é alvo de julgamentos e exclusões que ferem profundamente sua autoestima.
Portanto, acredito que o foco da reflexão deve estar em como podemos construir ambientes mais inclusivos, onde todas as diferenças sejam reconhecidas, respeitadas e valorizadas.
No meu trabalho já tive que resolver casos de bullying sofridos por alunos, só por serem novos na turma; problemas de ciúme das meninas de uma turma com relação à uma loirinha, olhos azuis, que chamava a atenção dos meninos; problemas com aluno cuja família demonstrava uma situação financeira privilegiada.
A luta contra o racismo é essencial e deve continuar firme, mas ela precisa caminhar junto com a promoção de uma cultura de respeito a toda e qualquer diversidade. Só assim construiremos escolas, e um mundo, verdadeiramente humanos e acolhedores, onde todos os alunos, e demais seres humanos, possam se sentir pertencentes e valorizados.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
Ex-presidente da ARL- Academia Ribeirãopretana de Letras
www.tortoro.com.br
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COMENTÁRIO(S) SOBRE O ARTIGO ACIMA:
Bom dia. Seus artigos são excelentes pois esclarecem de forma objetiva seus temas. O racismo ainda é muito atual e repleto de hipocrisia pois muitos batem no peito não serem racistas até que atinjam sua família.
JOSÉ VICENTE SPARANO – um amigo
Professor Antônio Carlos, boa noite!
Meus parabéns pelo assunto abordado, mesmo porque o educador tem uma participação direta nas orientações dos alunos.
PAULINHO GIUNTINI – um amigo
Parabéns, Tórtoro, sempre abordando assuntos importantes nos seus textos
RITA MOURÃO – Membra da ARL- Academia Ribeirãoretana de Letras