“ORDEM DES ADVOGADES”
— Boa noite a todos.
— Boa noite a todas.
Com estas palavras foi aberta uma reunião que contava com a presença de pessoas teoricamente cultas.
Mas todos, pronome indefinido, é o plural de todo, do latim totus,tota,totum, “inteiro”
É assim a Língua Portuguesa culta.
Por alguns instantes fiquei esperando que ela dissesse:
— Boa noite “todes” ou boa noite “todxs”. Eu queria aprender a pronúncia correta de tais neologismos, para mim, esdrúxulos.
Eu me senti agredido, juntamente com a sagrada, para mim, Língua Portuguesa.
Naquele momento, vi as letras e palavras que aprendi a escrever e ler sangrarem copiosamente.
Eu não sabia se deveria ligar para a polícia ou para a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil: ou seria, doravante, “Ordem des Advogades de Brasil”?
Não consigo aceitar, como alguns defendem, que seu uso não está incorreto, mesmo os termos não estando presentes na gramática normativa: afinal de contas estamos tratando de um princípio gramatical.
Problemas a serem discutidos quando o assunto é a inclusão , ou falta dela, devem ser resolvidos com ações práticas e objetivas, e não assassinando a língua pátria.
E se o assunto for gênero, é importante esclarecer que sexo é uma questão biológica e, nesse caso, gênero é uma classificação gramatical. Segundo o professor José Maria da Costa: “(…) determinados idiomas, além do masculino e do feminino, também têm o gênero neutro, algo inaceitável quando se fala de sexo. Em tais línguas, animais, que sabidamente têm sexo, muitas vezes, pertencem ao gênero neutro. Por outro lado, seres assexuados – como o garfo e a colher – não deixam de ter seu gênero. Alguém, por acaso, iria procurar uma razão por que garfo é masculino em português, e por que colher pertence ao feminino?”
Enfim, da mesma forma que Márcio Coelho — Artigo intitulado “Todas, Todos e Todxs, pode isso? — , estou ao lado da luta de todas as mulheres, mas, dou prioridade a uma senhora anciã, que permite nosso imperfeito – como diria S. Tomás de Aquino -, mas principal modo de comunicação: a Língua Portuguesa!
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
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