LI E GOSTEI: CATARINA – A GRANDE

Capa do livro

Capa do livro

DE PRINCESA GERMÂNICA A IMPERATRIZ RUSSA

“Talvez a melhor descrição dela seja que é tanto mulher como imperatriz”

Duque de Buckinghamshire – embaixador britânico na Rússia – 1762-65

Terminei o ano de dois mil e treze juntamente com a leitura das seiscentas e vinte páginas de Catarina, a grande : retrato de uma mulher ( que nasceu em 21/04/1729 e faleceu em 06/11/1796),  de Robert K. Massic.
E por essa dádiva recebida só posso agradecer o autor pelo extraordinário prazer que tive na companhia dessa mulher excepcional  que — teve doze amantes  — nos legou Gogol, Dostoievski, Tolstoi, Turgenev, Tchaikovsky, Stravinsky , dentre outros.
Depois de duas semanas com sua constante presença em minha vida, vou sentir saudades dela: uma obscura princesa alemã (Sofia Augusta Frederica) que é levada para a Rússia aos 14 anos de idade para casar-se com Pedro III (Carlos Pedro Ulrich – Duque de Holstein- único neto vivo de Pedro, o grande) , herdeiro do trono.
Prisioneira de um casamento infeliz, Catarina conduz um golpe que irá depor o marido, além de levá-la à coroação, dando o primeiro passo para entrar na história como uma das mais poderosas e marcantes personalidades femininas de todos os tempos.
Dona de uma mente brilhante e de uma curiosidade insaciável, Catarina governou por 34 anos, desvendando os mistérios e intrigas da corte. Grande leitora dos pensadores iluministas, manteve uma correspondência com Voltaire, hospedou Diderot,  e buscou pôr em prática os ideais de um despotismo benevolente, como pregava Montesquieu. Enfrentou rebeliões domésticas, guerras e as mudanças políticas que culminaram na Revolução Francesa. Catarina foi determinante na modernização do império russo, na promoção das artes, no ensino e no alargamento de fronteiras.
Sua família, amigos, damas de companhia, inimigos e diversos amantes são vivamente retratados nessa biografia, assim como as amarguras do casamento com Pedro, mais interessado em brinquedos e fardas do que na mulher, que por nove anos permaneceu intocada por ele.
Historiador e pesquisador, Robert K. Massie soma anos de dedicação à história russa, e nesse livro ele revela passagens dos diários e de cartas da czarina, pintando um retrato fascinante de Catarina II, a Grande.
Ler Massie é estar com Catarina numa Rússia que os europeus da época consideravam uma vastidão remota e primitiva: e olhe que estamos falando de um momento histórico em que ao se visitar o famoso Palácio de Versailles, em Paris, observava-se que o suntuoso local não tinha banheiros. Um tempo em que não existiam escovas de dente, perfumes, desodorantes, muito menos papel higiênico, e as excrescências humanas eram despejadas pelas janelas, não havendo o costume de se tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água encanada —  ocasionando então que o  mau cheiro era dissipado pelo uso do abanador: só os nobres tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e boca exalavam, além de também espantar os insetos.
Ler Massie é andar sobre trenós e em carruagens sacolejantes, é conviver numa sociedade em que as jovens se casavam (casamentos arranjados) com 12, 13, 15 anos, e morriam de parto com certa freqüência; numa sociedade em que as mais simples doenças (de hoje em dia) ceifavam milhares de vidas. E viver mais de cinqüenta anos era privilégio de poucos.
Mas também é estar na corte, é passear pelo Museu Hermitage, em São Petersburgo, é acompanhar as cerimônias luxuosas nos palácios de Moscou.
Enfim , estar com Catarina II é fazer parte de um dos capítulos mais fascinantes, da não menos fascinante história russa.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

 

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