ELI, ELI. LAMA SABACTANI
Fico me perguntando: Meu Deus, porque me abandonaste?
Apesar de tudo nunca deixei e nem deixarei de acreditar em Deus Pai Todo Poderoso.
Sei que o plano Dele para a minha vida e da minha família são impecáveis, apesar do aparente caos que tem tomado conta dos meus últimos meses.
As perdas emocionais são irreparáveis, e a dor que sinto não amenizaria mesmo sob uma dose de toneladas de morfina.
Conheço razoavelmente a obra de Kardec e recentemente tenho me refugiado sob as luzes de Aruanda conhecendo algumas das obras de Robson Pinheiro.
Para ser mais claro: acabo de ler Tambores de Angola, psicografado pelo espírito Ângelo Inácio, escritor e jornalista quando encarnado.
Mas o que é Aruanda.
Para a Umbanda tradicional os habitantes de Aruanda são espíritos trabalhadores do bem e da caridade, sejam recém-desencarnados em aprendizagem, sejam espíritos de luz que há muito não retornam à esfera física pela reencarnação. Estes guias espirituais, apesar de sua evolução espiritual, permanecem na dimensão vibratória de Aruanda para continuar auxiliando encarnados e desencarnados, se manifestando na Terra sob a roupagem fluídica (em tipologia espiritual) de pretos-velhos, caboclos e crianças. Suas verdadeiras formas, no entanto, transcendem raça, credo ou etnia, sendo possível sua manifestação em qualquer congregação que pratique o binômio amor-caridade e que admita a comunicação espiritual.
Para o Espiritismo (codificado por Allan Kardec), Aruanda seria a denominação de uma colônia espiritual, assemelhada à colônia Nosso Lar, descrita no livro Nosso Lar, de André Luiz (espírito), psicografado pelo médium Chico Xavier. Em Aruanda, porém, estariam presentes elementos magísticos da cultura africana, em sincretismo com simbolismos da cultura judaico-cristã.
Aruanda, enquanto cidadela espiritual, é mencionada no livro “Tambores de Angola”, e também em “Aruanda” e “Cidade dos Espíritos” – livros também do espírito Ângelo Inácio, psicografados pelo médium Robson Pinheiro. Neles, a religião da Umbanda é situada como integrante de um panorama espírita maior (Espiritualismo universalista), sendo explicada a importância de seus rituais magísticos e simbologias, enquanto formas de manipulação das forças elementais da natureza.
Assim como Erasmino, protagonista de Tambores, sei que tenho dívidas do passado a serem reparadas, mas diferentemente dele penso que nunca saberei quais são essas dívidas.
Mas isso não me importa.
Continuarei glorificando, louvando ao Senhor — ao som dos envolventes atabaques de Angola — e aceitando a vontade Dele, mesmo que Ele não retire de minha presença o Cálice.
E que Oxalá me dê forças.
ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
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