VERA REGINA GAETANI: ENTREVISTA COM ANTONIO CARLOS TÓRTORO

Há tempos atrás, por ocasião do lançamento do meu livro “Das Dores” no Clube de Regatas de Ribeirão, impressionada pelo trabalho inédito do Professor Antônio Carlos Tórtoro, prometi-lhe divulgar sua ideia de fundar num clube esportivo e recreativo uma biblioteca.
Na tarde do dia 29 de junho, uma quinta-feira, recebi o escritor Antonio Carlos Tórtoro no Centro Cultural Luiz Gaetani para conversarmos sobre atividades de incentivo à cultura, em especial, sobre o trabalho que Tórtoro realiza junto ao Clube de Regatas Ribeirão Preto, mais especificamente, nos trabalhos da biblioteca criada pela diretoria do clube.
VERA: Pedi ao meu convidado que contasse como surgiu a ideia da criação de uma biblioteca num clube recreativo que prioriza as atividades esportivas.
TÓRTORO: “sempre gostei de ler, tomar um chope e curtir uma sauna nos finais de semana, acompanhado de minha esposa, Lu Degobbi, e de meu filho Rodrigo, ambos também fotógrafos do Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto.
Mas, quando não me lembrava de levar um livro, sentia a falta de uma biblioteca no Regatas…e passei a pedir, à diretoria, em nome de outros leitores como eu, a criação de uma pequena biblioteca que suprisse essa falta.
Depois de alguma insistência foi cedido um espaço para alguns livros, na sala de troféus e de ex-presidentes.
No princípio, um associado chegou a enviar uma carta para a diretoria dizendo que o Regatas não era lugar para biblioteca: era um lugar de esportes.
Respondi a ele, e a todos que pensavam (e ainda pensam) da mesma maneira, que unir literatura e esporte na sala da biblioteca era como unir mente (literatura) e corpo (esportes): mens sana in corpore sano.
A ideia de haver uma biblioteca num clube só passou a ser mais aceita depois que fui receber um prêmio ( 1o. lugar – crônica) que ganhei num concurso de nível estadual, promovido com associados de clubes recreativos do Estado de São Paulo: e a entrega foi feita na Hebraica, São Paulo – capital, onde diretores que me acompanharam puderam ver computadores, amplas mesas, confortáveis cadeiras, artigos de jornais e revistas, sendo colocados à disposição dos associados desse tradicional clube recreativo.
Como uma biblioteca não é somente um depósito de livros, comecei a convidar escritores de Ribeiro Preto e região para manhãs de autógrafos, num dos domingos do mês, das 10 às 11 horas: a primeira escritora foi a saudosa Nilva Mariani, da ARL- Academia Ribeirãopretana de Letras, no dia 9 de março de 2008.
Desde então já realizamos 114 semanas de autógrafos, nos últimos nove anos, inclusive com presença de um autor internacional.
A partir daí, pedi, e foi criado, um espaço no site do Regatas,www.cludederegatas.com.br , onde passaram a ser divulgadas as presenças de autores e indicações (resenhas) de livros — adquiridos com verba de R$ 100,00 mensais e algumas doações da Livraria Paraler — para leitura dos associados na coluna É PARA LER.
Deise, responsável pela biblioteca, criou duas estandes: uma para livros de autores que visitam a biblioteca e outra para livros adquiridos a pedido de associados, e os constantes de relações de mais lidos em revistas especializadas em literatura.
Com isso nossa biblioteca já conta com um acervo de mais de dois mil exemplares e está sempre muito atualizada.
Nas visitas dos escritores são servidos café, chá, água, suco de laranja e bolachinhas, com cobertura fotográfica de Lu Degobbi e Rod Tórtoro.
Também assinamos um convênio com o Instituto do Livro para doação de livros por parte do governo municipal.
Nos primeiros anos, a meu convite, a escritora Helena Agostinho fez um trabalho com as crianças regateiras contando histórias uma vez por mês: infelizmente por motivos financeiros essa atividade foi interrompida apesar dos pedidos de alguns pais para que continuasse.
Tenho que admitir que sem o apoio da diretoria — Waldo Da Col , Presidente, Antonio Cese, Vice-presidente — representada no setor, em princípio, pelo hoje Presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, Rodrigo Simões, e atualmente pelo amigo Ailton Pereira não seria possível desenvolvermos essa atividade por tantos anos”.
VERA: Considero esse trabalho que você, Tórtoro, realiza, deveria servir de exemplo a outros clubes tendo em vista que só conheço dois que têm uma biblioteca para os associados: o Regatas de Ribeirão Preto e a Hebraica, de São Paulo. Estou vendo se algum outro clube tem ou não algo desse tipo.
E quais outras atividades você desenvolve tendo em vista a divulgação de nossa literatura?
TÓRTORO: No GAF- Grupo Amigos da Fotografia de Ribeirão Preto, tenho, ao lado das fotos de dezenas de fotógrafos do GAF, colocado meus versos ( pequenos poemas) em todos os seis livros que já publicamos sob a coordenação da Presidente do GAF, Elza Rossato. O lançamento mais recente foi O Passado Manda lembrança IV: todas essas minhas participações em literatura e fotografia podem ser vistos em meu sitewww.tortoro.com.br;
VERA: Tórtoro, não posso deixar de mencionar nessa nossa conversa, o papel que você teve na preservação dos livros que hoje fazem parte da biblioteca da ARL- Academia Ribeirãopretana de Letras , uma história bonita que envolve os nomes de Moreira Chaves e Nilva Mariani.
TÓRTORO: Sim. Realmente essa é uma história da qual me orgulho e que foi muito bem registrada em um de seus livros.
VERA: Você tem algumas histórias interessantes além dessa ? De quais outras você se lembra nesse momento?
TÓRTORO: Uma delas foi a criação do Mausoléu Veiga Miranda. A família desse Patrono da ARL estava disposta a retirar seus restos mortais e esquecer que um dia ele havia passado por aqui. Consegui fazê-los mudar de ideia. Eles doaram o túmulo que hoje é propriedade da ARL, no Cemitério da Saudade e, durante meu tempo como Presidente da ARL, reconstruímos o túmulo que já era tombado pelo patrimônio histórico. Hoje qualquer membro da ARL que não tiver lugar para ser sepultado, poderá usar o Mausoléu.
Também me lembro do terreno que recebemos do Prefeito Gilberto Magioni, no Parque dos Lagos, mas que perdemos depois que deixei a Presidência por falta de medidas no sentido de ocupação do local: hoje um espaço muito valorizado nos meios imobiliários.
VERA: e a ARL, há alguma possibilidade de você voltar a frequentar nossas reuniões ordinárias?
TÓRTORO: Não Vera, nenhuma, apesar de que sinto muita falta do contato com os amigos que sei que tenho no sodalício: Você, Waldomiro, Irene, Adriana, Alberto, Ferriani, Ely, Rita, César Batista e alguns outros. O que ocorreu em fevereiro de 2006 não pode e não deve ser esquecido por mim: César não aceitaria um convite de Brutus para se sentar à mesa com ele, certo? Rs rs rs rs
VERA: Tórtoro, obrigada por aceitar meu convite para este bate-papo.
Voltarei com mais detalhes sobre o histórico da Biblioteca da ARL, que valeu a publicação de um pequeno livro documentário.

ACADEMIAS, ALARP-Academia de letras e Artes de Ribeirão Preto, ARE-Academia Ribeirão-pretana de Educação, ARL- ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE LETRAS, BIOGRAFIA, ENTREVISTAS, Escritores no Regatas, LITERATURA