ARTIGO DE AC TÓRTORO: MINHAS RAÍZES MAIS PROFUNDAS

 

Graças à minha filha, que certo dia  resolveu buscar a cidadania italiana, descobri que os Tortora chegaram  ao  porto de Santos no dia 7 de outubro de 1895, vindos de Salerno, sul da Itália, trazidos pelo meu tetravô  Andrea Tortora.
A viagem durou  dezenas de dias no vapor escocês  lançado ao mar em 1878 , o então luxuoso  Umberto I , que fazia a rota Gênova / América do Sul. No final do século, ele  foi transformado em Navio Hospital e, em 1917 , durante a Primeira Guerra Mundial, foi torpedeado, em agosto, vindo a morrer 28 homens de sua tripulação.
O primeiro Tortora em terras brasileiras trazia consigo a esposa , Annunziata (39 anos), e os filhos Andrea (8 anos) – único nascido em Pagani –  e  Emilio (6 anos) , Lorena (3 anos) e Ângela ( 3 meses) – nascidos em Castel San Giorgio.
No Brasil, nosso sobrenome foi substituído o “a”  pelo “o” :  nasceram mais dois filhos de Andrea /Annunziata,  Antônio e Carmine Tortoro , meu avô , pai de meu pai , Cláudio Tortoro: leiam meu artigo “Tortoro ou Tortora”  em https://tortoro.com.br/?p=4059.

 

Hoje eu sei que Andrea Tortora não morreu: leiam meu artigo no endereço https://tortoro.com.br/?p=11987.

 

Diante dessa história, ou saga, fico imaginando Andrea Tortora, meu bisavô, ainda jovem adolescente, andando pelas ruas da Comuna de Pagani, região da Campânia, província de Salerno, na Itália, no final do século 19: um tipo mesomorfo, corpo atlético, cintura baixa, ombros largos, mandíbula quadrada e maçãs do rosto proeminentes, pernas e braços bem desenvolvidos, com músculos fortes e definidos pelo trabalho diário e árduo, exercido nos olivais da região.

Talvez se lembrasse de uma pescaria que fez, acompanhado de seu pai, nas margens  do Rio Sarno  — que, infelizmente,  é hoje o rio mais poluído da Itália — sob o sol de uma  clima mediterrâneo, marcado por verões quentes, secos e suaves, com temperaturas acima da média, antes que ocorresse  o inverno chuvoso.

Andrea, primeiro filho de Annunziata  Corigliano — que  no Brasil passou a usar o sobrenome de seu pai adotivo, Francesco Tramontano, passeava pelas ruas da pequena comuna, apreciando a silhueta do Vesúvio, em Pompéia — mais conhecido pela erupção em 79 d.C, que resultou na destruição das cidades romanas de Pompéia e Herculano —   que, majestoso, distante uns quinze quilômetros, fazia parte da paisagem: a proximidade do vulcão possivelmente explicaria o caráter explosivo do meu bisa, repassado para muitas de suas gerações futuras.

Andrea ficava imaginando como seria sua vida na Comuna de  Castel San Giorgio, para onde a família se mudaria em breve,  para melhorar sua situação financeira, e, se possível, aumentar o número de filhos — Andrea teria mais três irmãos no novo local de residência: Emílio, Lorena e Ângela.

Fico pensando: provavelmente o nome da mãe de Andrea tenha tido origem por ser ela originária da Torre Annunziata — Comuna italiana , Província de Nápoles, fronteira com Pompéia — e seu sobrenome de nascimento, Corigliano, provavelmente teria origem no local de nascimento de seus pais, Comuna Corigliano Calabro — Comuna italiana da região da Calábria, Província de Cosenza.

Aliás, tenho traços árabes, possivelmente por ter minhas raízes profundas em  Corigliano Calabrês, no Jónico Cosentino, cidade muita antiga, cuja fundação remonta a incursão árabe, que ocorreu em 977. Corigliano Calabro fica majestosamente pousada sobre uma pequena colina, rodeada por olivais verdes e pomares coloridos, um lugar onde a região do Mediterrâneo oferece um clima ameno ao longo do ano.

Enquanto passeava pelas ruelas da pequena  comuna, Andrea possivelmente imaginasse que talvez, um dia qualquer, iria para Nápoles (distante 31 quilômetros de Pagani) , ou, quem sabe, ir para Roma, um pouco mais distante ( 218 quilômetros).

Naquela época Andrea nem sequer  imaginava que suas gerações futuras frutificariam no Brasil, em Ribeirão Preto – SP, e que  vivenciariam duas Guerras Mundiais, o sofrimento da gripe espanhola e, a pandemia  da Covid 19.

Nem poderia imaginar que em pleno século 21, na sua Campânia, a Camorra estaria mais viva do que nunca, aproveitando-se da atual pandemia para infiltrar-se na estrutura social e lavar seu capital em negócios legais: distribuindo dinheiro para os mais pobres, para depois pedir algo em troca.

Enfim, eis expostas minhas mais profundas raízes: de Comuna Pagani – Itália (1887) a Ribeirão Preto –Brasil  (2021): uma saga dos Tortoro ou Tortora, de 134 anos.

 

 

 

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