“Eu vagueava nas trevas por um caminho escorregadio, e te procurava fora de mim, e não encontrava o Deus do meu coração”.
Santo Agostinho
Ler as confissões de Santo Agostinho é ter o privilégio de se sentir ao lado do Santo enquanto ele conversa com Deus.
“Confissões” é uma obra autobiográfica escrita por Santo Agostinho no século IV. O livro aborda a vida e as reflexões do autor, destacando sua jornada espiritual, seus conflitos internos, sua conversão ao cristianismo e sua busca pela verdade.
Agostinho explora temas como o pecado, a fé e a busca por Deus, fornecendo insights filosóficos e teológicos que continuam a influenciar o pensamento religioso e filosófico até nossos dias apesar da obra haver sido escrita entre os anos 397 e 398 DC, enquanto o autor estava em Hipona, uma cidade na atual Argélia.
Do livro destaco as considerações do autor sobre o tempo, por serem importantes ao refletirem a natureza efêmera da vida humana em busca de compreender a eternidade. O autor explora a relação entre tempo e a eternidade, destacando a transitoriedade da existência terrena e a necessidade de se buscar a verdade e a paz espiritual em meio a essa fugacidade. Suas reflexões têm implicações filosóficas e teológicas, influenciando o pensamento sobre a natureza do tempo, a mortalidade e a busca pela conexão com o divino.
Para Agostinho a verdade imutável é Deus, que é o grande criador, criou o mundo como um ato de bondade, cuja bondade é inquestionável, ele criou também o tempo. Deus criou a vida, que é praticada do começo ao fim, deste modo, o início é a criação, o meio é a vida terrena, o fim é fim é Deus, o reino de Deus.
Sinto que O Pequeno Príncipe — escrito por Antoine de Saint-Exupéry, concluído em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial enquanto o autor estava exilado nos Estados Unidos — e Confissões têm sido apreciadas por suas profundas reflexões sobre a condição humana, embora cada uma o faça de maneira única, refletindo os contextos e propósitos distintos de seus autores.
Finalmente, para quem aprecia as obras de Machado de Assis, deve ter percebido que Santo Agostinho fazia parte da predileção do escritor brasileiro, que retomava ao bispo, seja para referenciar ou satirizar, mas que sempre buscava meios de introduzi-lo nas narrativas, como por exemplo em “Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881, em que o protagonista Brás Cubas refere-se ao Bispo Agostinho como personagem secundário em alguns momentos, utilizando-o tanto como referência quanto para fins satíricos. A presença de Agostinho no livro de Machado é uma estratégia para explorar questões filosóficas, sociais e religiosas de forma irônica e crítica.
Um livro que vale a pena ser lido e degustado.