LI E GOSTEI: COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ.

SUICÍDIO ASSISTIDO: EIS A QUESTÃO

“Fugi ao sofrimento para entregar-me à tortura”

O suicida da Samaritana – Allan Kardec

Qualquer ser humano, diante de uma situação que se apresenta sem solução, sente vontade de fugir dela: a morte se apresenta como uma possibilidade de fuga.
É esse o caso de Willian Traynor, o Will, personagem principal do livro, Como eu era antes de você, de Jojo Moyes.
Wiil, trinta e cinco anos, ex-sócio da empresa Madingley Lewins, com sede na City de Londres. O Sr. Traynor sofreu uma lesão na coluna, num acidente de trânsito em 2007 e foi diagnosticado como tetraplégico de C5/C6, podendo movimentar com grande limitação apenas um braço, necessitando de cuidados contínuos.
Will teve seis meses para decidir se teria ou não um suicídio assistido na Suíça, na associação Dignitas.
A Associação Dignitas, sediada em Zurique, foi criada pelo advogado Ludwig Minelli, seu atual diretor. Dignitas aceita dar assistência ao suicídio a cidadãos estrangeiros. Essa prática, que envolve em sua maioria cidadãos do Reino Unido, França e Alemanha, começa a preocupar seriamente as autoridades desses países, que falam em “turismo da morte”. Suas práticas têm causado numerosas polêmicas nos últimos tempos. A razão é a dificuldade crescente que essa associação tem para conseguir locais para prestar assistência ao suicídio. Entre os escândalos mais recentes, estão suicídios em carros estacionados nas ruas ou por asfixia com sacos de gás hélio. A razão é a dificuldade de obter pentabarbital de sódio sem receita médica. A Associação Dignitas cobra até 4 mil francos suíços por sua assistência. Essas somas, conforme explica, são necessárias para cobrir os gastos de autópsia e exames médicos. Proporciona-se uma solução com umas 10 gramas de pentabarbital de sódio misturada com um suco que o paciente deve, necessariamente, ser capaz de ingerir com suas próprias forças. Se não fosse assim, se trataria de uma eutanásia e não de suicídio assistido. É uma matiz sutil, mas muito importante.
Por outro lado, Lou Clark, sabe quantos passos separam sua casa do ponto de ônibus. Sabe que adora trabalhar como atendente em um café e sabe que provavelmente não ama seu namora, Patrick.O qu8e Lou8 não sabe é que está prestes a perder o emprego, e que isso a obrigará a repensar toda sua vida. Will, por sua vez, sabe que o acidente com a motocicleta tirou dele a vontade de viver. Ele sabe que o mundo agora parece pequeno e sem graça, e sabe exatamente como vai um fim a tudo isso: o nome da solução é Dignitas.
O que Will não sabe, como personagem do livro, é que a chegada de Lou vai trazer de volta a cor à sua vida. E nenhum deles desconfia de que esse encontro irá mudar para sempre a história dos dois.
E o leitor desse livro pode considerá-lo uma leitura extremamente envolvente e maravilhosamente romântica, ou, uma história sobre amor, aprendizado e perda. Um livro extraordinário, apaixonante: mas precisa ser alertado de que, na vida real, para os que creem na doutrina espírita, o suicida foge do sofrimento para entregar-se à tortura.
Allan Kardec, no capítulo V, denominado Suicidas, no livro O céu e o inferno, esclarece: para o homem que acaba de desencarnar (falecer) cometendo o suicídio, a morte deveria ser um aniquilamento do ser, mas, tal como o sonâmbulo, ele vê, sente e fala, e assim não se considera morto, e isso até que adquira a intuição do seu novo estado. Essa ilusão é sempre mais ou menos dolorosa, uma vez que nunca é completa e dá ao Espírito uma tal ou qual ansiedade.
Então, por exemplo, o que poderá ocorrer após o suicídio assistido de Will, será ele continuar tetraplégico no mundo espiritual até completar os dias de vida, mas com um agravante: poderá sentir, durante todo esse tempo, a sensação dos vermes a corroerem seu corpo: Esse estado é comum nos suicidas porque a vida não se extingue e a alma continua, por indefinido tempo, ligada ao corpo.
É uma história sobre como o amor é capaz de florescer nas situações mais improváveis, um amor que poderia ser eterno, durando mesmo após a morte, mas que, no caso do suicídio: “ Em vez de se reunirem ao que era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo, pois não é possível que Deus recompense um ato de covardia e o insulto que lhe fazem com o duvidarem da sua providência” – parte quarta- capítulo I- item 956 – O livro dos espíritos – de Allan Kardec.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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