LI E GOSTEI : HÁ DOIS MIL ANOS

CAMÕES E EMMANUEL: CANTANDO O AMOR

“Jesus, Cordeiro misericordioso do Pai de todas as graças, são passados dois mil anos e minha pobre alma ainda revive os seus dias amargurados e tristes!: Que são dois milênios, Senhor, no relógio da eternidade ? “

Emmanuel
CAPA-HA-DOIS-MIL-ANOS
Acabo de ler Há dois mil anos — que ganhei de presente da minha amiga e colega de academias, Dra. Fernanda Ripamonte — , romance do Espírito Emmanuel, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Há Dois Mil Anos foi publicado no ano de 1939.
Um livro bastante atual, apesar de falar das antigas províncias romanas “ onde funcionavam terríveis agrupamentos de malfeitores que, vivendo à sombra da máquina do Estado, haviam-se transformado em mercadores de consciências”: o Tuma Junior que o diga.
Com o sub-título de Episódios da História do Cristianismo no Século I, a obra narra os principais fatos da vida do orgulhoso senador romano Publius Lentulus ( uma das encarnações do autor espiritual), entre os quais estão o encontro com Jesus, o milagre da cura, pelo Divino Mestre, da filha que contraíra lepra e a conversão da esposa Lívia ao cristianismo: Há Dois Mil Anos está incluído entre os dez melhores livros espíritas publicados no século XX segundo pesquisa realizada em 1999 pela “Candeia Organização Espírita de Difusão e Cultura”.
O que me levou à leitura foi o amor transcendental entre Publius e Lívia: quero acreditar que ele exista.
Por isso, apesar de históricos momentos encontrados nesse livro, o mais marcante para mim é quando Lívia “ …tomando ligeiramente as mãos do esposo, levou-o a um canto do terraço, onde se postou à frente de uma harpa harmoniosa e antiga, cantando baixinho, como se a sua voz, naquela noite, fosse o gorjeio de uma cotovia apunhalada. Tratava-se de uma composição (Alma gêmea) dele (Publius) , na mocidade, tão a gosto da juventude romana, dedicada a ela própria (Lívia) , e que o seu talento musical guardava sempre, para circunstâncias especiais do seu sentimento”.
“Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo desta vida descontente, / Repousa lá no Céu eternamente, / E viva eu cá na terra sempre triste.
Alma gêmea de minh’alma / Flor de luz da minha vida / Sublime estrela caída / Das belezas da amplidão.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste, / Memória desta vida se consente, / Não te esqueças daquele amor ardente, / Que já nos olhos meus tão puro viste.
Quando eu errava no mundo / Triste e só no meu caminho / Chegaste devagarinho / E encheste-me o coração. / Vinhas nas bênçãos dos deuses
Na divina claridade / Tecer-me a felicidade / Em sorrisos de esplendor / És meu tesouro infinito / Juro-te eterna aliança / Porque eu sou tua esperança / Como és todo meu amor.
E se vires que pode merecer-te / Alguma cousa a dor que me ficou / Da mágoa, sem remédio, de perder-te, / Roga a Deus, que teus anos encurtou, / Que tão cedo de cá me leve a ver-te, / Quão cedo de meus olhos te levou.
Alma gêmea de minh’alma / Se eu te perder algum dia / Serei a escura agonia / Da saudade dos teus véus / Se um dia me abandonares / Luz terna dos meus amores / Hei de esperar-te entre as flores / Das claridades dos céus”.
Perdoem-me leitores, mas não encontrei outra forma de dizer o quanto me é impossível ler Alma Gêmea de Emmanuel e não pensar no soneto de Camões Alma minha gentil que te partiste , e vice-versa.
Duas tocantes odes ao amor pela amada.
Dois textos unindo, cada um à sua maneira, amada e morte —consumada ou não — sempre adjacentes quando o amor é considerado, de alguma forma, imortal.
Há dois mil anos é uma volta aos primeiros anos do Cristianismo, é uma leitura agradável, apesar da utilização de palavras não muito usuais — toutinegra, ensanchas, delíquio, acrisolado, devesas, acume, abroquelar, referto, espostejadas, caligem, catafalco, singultos, pervicácia , e outras — e que leva seus leitores a visitarem a Roma antiga, Jerusalém e outras regiões onde viveu o Cristo: tudo com detalhes incríveis e a descrição de locais, alguns ainda hoje preservados.
Para quem não sabe, as obras de Chico Xavier são um autêntico sucesso editorial e já alcançaram mais de 25 milhões de exemplares somente em língua portuguesa. Muitos de seus livros são best-sellers indiscutíveis, inspirando a produção de filmes, peças de teatro, programas e novelas de televisão.

ANTONIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

COMENTÁRIO SOBRE O ARTIGO ACIMA.

Você é uma biblioteca ambulante, um coletor de conhecimento e um difusor de cultura. Admiro-o, vejo-o com sua alma gêmea, nossa querida amiga Lúcia, cultivando um mundo de felicidade num lar onde os valores são bem preservados, não atingidos pelo mundo que corre lá fora.
O livro é bom, resiste ao tempo, linda é a descrição de Jesus feita pelo Senador Romano. Obrigada por aceitar o livro e mais que isso, escrever sobre ele.
Abraços fraternos

Fernanda Ripamonte

Li e gostei, LITERATURA